DEVAGARINHO...
Três... Quatro... Quase cinco vezes...
Repassei pelo anterior caminho
E em glória ou sob o escarninho
Experimentei as coisas mais soezes,
Desde traições a vulgares revezes,
Mas também fruí, feliz, carinho,
Amor, entregas sãs, de alvo linho...
Agora, sei como são tão poucos
Aqueles que face a face aos loucos
Continuam a passar devagarinho...
Não adianta afrontar o mesquinho,
Os olheiros ávidos do mistério,
Os hipócritas, os odres sem critério,
Os sub reptícios filhos do daninho
Que proclamam alinho em desalinho,
Presumindo-se em suma evidência...
O mundo sempre teve a excrescência
Que nada nem ninguém pode evitar
E ora pois continuarei a caminhar
Devagarinho... À luz da inteligência...
António Torre da Guia |