“Uma vírgula nunca cabe
Entre predicado e sujeito”
Qual postulado perfeito
Que quem declara bem sabe.
Qualquer reparo descabe
Ao que diz Jorge Ribeiro
(Meu amigo / Conselheiro)
Velho Confrade na rima
Mas a vírgula não me anima
A ser assim tão ordeiro.
Quando busco a cadência
Não respeito paradigmas
Enquanto colho estigmas
Que vêm da irreverência.
Por questão de consciência
Não quero ser zombeteiro
Mas falo ao Jorge Ribeiro
Que regra não me arrima
E a vírgula não me anima
A ser assim tão ordeiro.
Ajo por conveniência
Dentro da pontuação
Puxando o freio de mão
Com vírgula ou reticência.
Gramatical delinqüência
Dum motorista barbeiro
Que não respeita canteiro
Passando o carro por cima
E a vírgula não me anima
A ser assim tão ordeiro.
Sou infrator assumido
Assim como réu confesso
Um estudante defesso
Com tudo que tem ouvido.
Vivo a procurar sentido
Como agulha em palheiro
No encalço dum roteiro
Que meu verso não colima
E a vírgula não me anima
A ser assim tão ordeiro.
Uma pausa bem plasmada
Faz bem à compreensão
Melhorando a expressão
Com mensagem depurada.
Também frase compassada
Da lavra de um campeiro
Que fica muito cabreiro
Quando a regra lhe intima
E a vírgula não me anima
A ser assim tão ordeiro.
Nem sempre têm fundamento
Algumas regras vetustas
Que bem parecem robustas
Vestidas com paramento.
Mas talvez o seu sustento
Não tenha bom tabuleiro
Nem um suporte lindeiro
Tampouco manto por cima
E a vírgula não me anima
A ser assim tão ordeiro.
Ao Jorge – peço perdão
Por comentar seu poema
Que não vem como algema
Mas como boa lição.
Não são palavras em vão
No Cordel alvissareiro
Desse amigo timoneiro
Que tem a minha estima
Mas a vírgula não me anima
A ser assim tão ordeiro.
/aasf/
(*)
Saudações ao grande amigo e confrade
JORGE RIBEIRO SALES
Em Vila Velha – Espírito Santo