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Artigos-->Uma voz no fim do tunel -- 08/06/2002 - 10:55 (Haroldo Pereira Barboza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Uma voz no fim do túnel



Nosso túnel está desabando. Isto impede que vislumbremos uma luz ao fim do mesmo. No entanto, conseguimos captar alguns sons. E no meio destes, uma voz se destaca dentro do caos moral onde vivemos atualmente. Dom Jayme Chemello, Presidente da CNBB, questiona o destino dos valores obtidos nos leilões-doações de nosso patrimônio estratégico, realizados sob duvidosas condições, com vencedores já definidos, moedas podres e prazos que superam a expectativa lógica.



Ele também condena a opulência que reina nas Câmaras do planalto, cercadas de mordomias que banham seus integrantes, num contraste debochado contra o miserável povo, que sustenta estas deliciosas vantagens das quais a elite devora todas, sem devolver um simples obrigado. É um quadro chocante, composto de um contraste tenebroso : 75 % da população vivendo na miséria, esfolando seu corpo, respirando gases, perdendo saúde e dignidade. Na outra ponta, 0,2 % de parasitas sem contribuir com nada de útil para o engrandecimento da nação, afogando suas cabeças ocas dentro de piscinas cheias de água, mesmo nas regiões onde os famintos disputam goles com animais campestres.



No centro deste cenário, a classe que se diz média (ou faz média ?), onde alguns sonham obter algumas migalhas palacianas, que lhes permitam uma aproximação com os que herdaram o comando do país mesmo sem terem capacidade administrativa para tal (aliás, justamente por isto, são mais fáceis de serem manipulados pelos patrocinadores estrangeiros). Outros, anestesiados por falsas propagandas, se omitem, não opinam, não atuam, se escondem aguardando os acontecimentos. E uma pequena parcela, há anos luta bravamente para esclarecer as consequências dos sucessivos atos absurdos, denunciam farsas montadas e tentam despertar as consciências acomodadas.



Seria ótimo que a voz de Dom Jayme pudesse servir como um sino que toque os corações daqueles que são formadores de opinião e que comandam entidades representativas da sociedade. Torcemos para que se mobilizem (como na época de Collor) no sentido de engrossar oficialmente a fileira de patriotas indignados com as medidas danosas tomadas pelos governantes contra os anseios do povo, ao qual juraram (ninguém os obrigou) defender seus interesses. Não basta desfilar de branco na orla da praia apenas quando a tv deseja uma reportagem comovente.



Mas a sociedade já não se comove mais com as chicotadas que leva diariamente. Acostumou-se a sofrer. Quando apanha pouco agradece ao feitor bem humorado naquele dia. Ela assiste passivamente aos desmandos administrativos sem cobrança das atitudes criminosas de seus dirigentes. Acostumou-se com os crimes hediondos. Tolera queima de índio e de jornalistas, bem como tortura de Prefeito. Tranca-se dentro do banheiro de casa na ilusão de que as balas perdidas lá não chegarão. Observa omissa aos desvios das verbas públicas, entrega do patrimônio ao estrangeiro e tomada do poder por organizações criminosas. Já não sabe nem mais cantar o Hino Nacional (basta ver os atletas fazendo mímica durante sua execução antes das competições). Sua agenda não tem espaço para a missa dominical, pois dormiu tarde assistindo ao Big Bobo Brasil e à Casa do Batista.



Mente anestesiada, coração congelado, língua travada, ouvido entupido, caráter corrompido, cidadania enferrujada, identidade desconhecida, alma despedaçada. Somos seres orgulhosos de nossa terra ou meros portadores de títulos eleitorais para validar as farsas eletrônicas conduzidas por sistemas secretos de apuração de votos? Só temos forças e vontade para a mobilização nas ruas para comemorar as vitórias da seleção de futebol?





Haroldo P. Barboza – Matemático, Analista de computador e Poeta – Junho / 2002

e-mail : hpbchacra@bol.com.br e hpbflu@terra.com.br

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