Estamos todos no mesmo barco.
Condenados aos mesmíssimos castigos,
a viver da mesmíssima maneira como todos já viveram.
Todos vivendo, como se fosse a vez primeira,
os mesmos contos antigos.
Todos condenados a remar e conduzir as mesmas galés –
Deus sabe para onde...
A remar no mesmo ritmo, obedecer aos mesmos comandos,
seguir cantando nos remos, sujeitos aos mesmos desmandos,
cansados das mesmas tarefas e achando que é bom à beça
estar vivo – digo, respirando ...
Todos. Inevitavelmente condenados aos mesmíssimos amores,
mesmíssimas dores, mas sempre condenados a crer
que nossos amores são outros, que nossa história é diferente,
diferente o nosso querer.
A galé segue seu curso. Calmarias, tempestades, ondas gigantescas.
Lá dentro seguem os remadores vivendo esta comédia dantesca.
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