Isabel ia semanalmente visitar seu pai no Hospital Central da Hanseníase, que ficava no sul do estado. Numas dessas visitas, ela conheceu um enfermeiro, Iago, responsável pelo pavilhão onde seu pai estava internado. No começo, o contato entre os dois não passou de furtivos olhares: mesmo com seu pai debilitado pela doença que lhe apodrecia as carnes, Isabel o respeitava bastante, e sabia que com ele naquele estado, qualquer nervosismo poderia ser-lhe fatal.
Mas o tempo foi passando e os olhares foram ficando cada vez mais diretos. Até que um dia Iago se aproveitou quando Isabel estava lanchando sozinha e se apresentou. Em cinco minutos de conversa, combinaram um encontro para mais tarde no jardim que ficava no fim do pátio principal, assim que terminassem as visitas. Transaram sob a luz da lua naquela noite mesmo.
A partir de então, todas as visitas das semanas seguintes tiveram seu tempo divido. Metade do tempo Isabel ficava cuidando de seu pai, metade ela ficava namorando Iago às escondidas. Após dois meses, o pai de Isabel sucumbiu à doença. Iago foi transferido para um hospital em São Paulo. Ele levou consigo Isabel, que se descobriu grávida. Há dois anos eles tiveram Diego, que nasceu prematuro, mas sem nenhum sinal da doença que matou seu avô materno.
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