Vamos manter nossa calma,
Que esta vida é longa e incerta.
Vamos dar à nossa alma
Uma atenção sempre alerta.
Queremos só vir dizer
Que as coisas vão ajustando-se:
Se cumprirmos o dever,
Os males vão apagando-se.
Os critérios deste dia
São poucos mas definidos,
Pois, p ra fazer tal poesia,
Não nos damos por vencidos.
Já percebeu o escrevente
Que viemos p ra treinar:
Quando a lua está em crescente,
Aumenta o seu coruscar.
Não temos muito traquejo
Nisto de fazer poesia.
Só tocamos realejo:
Não é nossa a melodia.
O bom amigo escrevente
Quebra a cabeça sem dó:
Se é para ajudar a gente,
Quer desfazer todo nó.
Aos poucos, vamos pegando
O jeito desta harmonia:
Os desejos vão-se dando,
Na forma que se queria.
Pego os versos pelo rabo,
Nesta corrida perversa.
Vai demorar mas acabo,
Na segunda ou na terça.
Vou dando tratos à bola,
Nestas rimas bem sem jeito,
Mas o que mais me consola
É já ter um pouco feito.
Eis a lição que devia
Deixar bem consignada:
Ou em prosa, ou em poesia,
É bom ver a caminhada.
Com ânimo alevantado,
Fica mais fácil viver.;
Para tanto, o bom soldado
Cumpre sempre o seu dever.
É difícil conhecer
O que nos cabe na vida,
Mas tenhamos bem-querer
Que com tudo a gente lida.
Um processo diferente
De jamais errar na vida
É rezar por toda a gente
Que esteja desguarnecida.
Deus é pai muito bondoso:
Não quer ver os filhos pobres.
Sendo o povo generoso,
Só vai ter vibrações nobres.
Se tivermos muita calma,
Tudo virá de mansinho.
Elevemos nossa alma,
P ra recebermos carinho.
A solução p ro seu medo
Não está na melhor rima:
É não manter em segredo
O quanto a gente se estima.
Se são pobres estes versos,
São ricas as nossas rimas.
Os sons é que são perversos:
Não se dão com nossos climas.
Vemos que o nosso escrevente
Tinha outro objetivo.
Esperava mais da gente,
Mas é muito compreensivo.
Demos conta do recado,
Nesta tarde de poesia.
Ninguém quis ficar de lado,
Arriscando entrar em fria.
Se tivermos prejuízo
Neste trabalho de agora,
Ao entrar no paraíso,
Tal feito já não vigora.
Que culpa tem o degrau
De ter ficado p ra trás?
Quem tem o coração mau
Faz o bem e fica em paz.
São simples os nossos versos,
Mas as lições são profundas:
A distância, os universos
Não mostram suas corcundas.
Se tivemos uns problemas
Na hora de começar,
Vejam só os nossos temas
No momento de encerrar.
Caminhamos livremente,
Nada há que reclamar:
O médium atende a gente,
Não tem muito que pensar.
Sentimos até saudade
Dos momentos mais perversos.
É que a solidariedade
Fez melhores estes versos.
Eu quero que o bom amigo
Interprete a minha voz,
Mas, se falhar, eu não ligo:
Mais do que o “eu” vale o “nós”.
Conte agora estas quadrinhas,
Conheça bem quantas são.
Foram vinte e seis feitinhas
Com tremor no coração.
Vamos ter de acrescentar
Mais uma quadra final,
P ra muito amor desejar
A quem nos desejou mal.
É bem fácil de dizer
Que a todos nós perdoamos.
É difícil de fazer
Nascer bons frutos nos ramos.
Por isso, não fale muito,
Resguarde bem sua língua,
Pois, se der curto-circuito,
Sua intenção morre à míngua.
Bem quisera prosseguir
Neste ritmo perverso,
Mas vejo que o Wladimir
Já se cansou deste verso.
Diz-me ele, gentilmente,
Que faz questão de ficar,
Pois é função do escrevente
Os ditados registrar.
Agradeço-lhe a bondade,
Mas estou mui satisfeito:
Tudo o mais é caridade
Dum bom coração de eleito.
Já não se sente à vontade
Ao seguir os pensamentos.
Mostraríamos maldade
Ao ficar mais uns momentos.
Queremos pedir a Deus
Que nos conceda uma graça,
Que abençoe os filhos seus,
Na sorte que a vida traça.
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