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Humor-->Sobre as Festas -- 28/01/2003 - 15:59 (William Henrique Pereira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos



As festas são uma coisa muito estranha. O que é uma festa? Não sei. Mas é bom.
Tem muitos tipos de festa. A vida de uma pessoa poderia ser contada através de suas festas. Cada uma ocorre em um momento diferente da vida. As festas de criança, por exemplo. São legais, se você é uma criança. Então, você cresce, e as festas ficam cada vez mais sérias. Por isso é que as festas dos idosos parecem um funeral.
Festas são engraçadas porque, se você parar para pensar um pouco, vai perceber padrões, costumes, normas, regras seguidas por toda uma sociedade ou determinado grupo social em suas festas. Cada povo tem suas tradições, costumes, etc., e isso é interessante, pois para alguns as festas dos outros pode ser como o funeral de outros, e vice-versa.
E há em determinados grupos certos fatos inevitáveis sobre as festas, por exemplo. Começando, podemos citar os copos derrubados. Pode-se dizer, depois de muita observação analítica, que em todos os encontros sociais festivos, ditos festas, ocorre o derramamento de algum líquido, na maioria das vezes refrigerante, no chão, quase sempre naqueles copos descartáveis. Sempre alguém está lá na grande mesa, colocando o refrigerante com uma mão, sem segurar o copo com a outra, pois esta está ocupada com um daqueles pequenos cachorros-quentes. Então, ocorre um distúrbio, às vezes provocado por algum descuidado que esbarra na mesa, ou pelo próprio dono do refrigerante, e logo se vê aquela tragédia toda no chão do salão, que logo ficará melado. Há um pequeno rebuliço entre as pessoas no início, gerado por discordâncias sobre quem foi o autor do crime. Mas logo depois todos esquecem.
É interessante observar que esta regra festiva geralmente ocorre mais ou menos no início da festa. Sim, podemos dedicar nossas festas a se analisar estas pequenas semelhanças. É sempre no começo.
Além do copo, temos aí a questão do horário, muito importante e muito comentada. Há por exemplo o horário para se chegar no lugar. OK, digamos que o anfitrião (ou aniversariante) estipule (por meio de convite ou vocal) o horário como sendo às seis horas da noite. Certo, sabemos que esse é um horário que serve somente como referência, pois ninguém chega exatamente às seis. Às seis nem o aniversariante está pronto. Mas quando o convidado ouve este suposto horário, ele automaticamente já forma em sua mente uma idéia: sabe que só vai às sete. Preferimos sempre ir uma hora depois “daquele” horário. Mesmo que o anfitrião nem fale para todos irem mais tarde, eles já sabem que, se forem às seis, irão ficar andando sozinhos pelo salão analisando a decoração das paredes. Porque ninguém gosta de ser o primeiro a chegar, na verdade. Ser o último é uma coisa, mesmo quando já cortaram o bolo (falaremos mais disso), mas ser o primeiro já é complicado. Sempre tem-se que ficar dizendo alguma besteira, um elogio para o aniversariante, problema que não existiria se você chegasse às sete. Se você chega às sete e já sai pegando uma cerveja, ninguém nem repara em você.
A festa não tem tempo determinado para durar ou terminar em nenhum lugar no mundo. Porque tanto pode acabar antes do horário planejado, quando ocorre uma tragédia na piscina... como também pode acabar depois, se os próprios locadores do salão estiverem bêbados (ou se a tragédia na piscina envolver eles).
Festas simples, festas chiques... varia muito. Há as festas com jantar, também, estas geralmente mais longas. E isso me lembra de um fator muito interessante que é a metamorfose sofrida pelos presentes numa festa, durante todo o tempo em que ficam entrouxados naquele ambiente claustrofóbico, às vezes metidos num terno ou vestido, e o pior: foram porque quiseram.
A metamorfose também pode ser estudada por qualquer convidado observador que preste um pouco de atenção no comportamento dos outros. Deve-se notar no início do encontro um ar de bondade e confraternidade, como se fosse Ano Novo, nas pessoas. É engraçado. No começo ninguém tem raiva de ninguém. Não se vêem há muitos anos. A colega da faculdade mudou, não se vêem desde que o colega gordo começou a trabalhar. Agora ele emagreceu, novos tempos... cumprimentos, risadas, abraços, beijos, papo bom... a música no início também é bem serena, sem compromisso. E outra: os homens ou mulheres interessados em representantes do sexo oposto nunca armam seu bote nas primeiras horas. Não tem graça. Pois se levarem um fora ainda terão que agüentar muitas horas para poderem ir embora para casa e esmurrar a parede. Preferimos fazer isto no fim da festa, assim podemos chegar, tomar um fora, e dizer: “Ah, tudo bem... não, não estou deprimido, Rogério... ah, nossa, olha a hora... tchau!”.
No início, em festas de criança, as brincadeiras são inocentes (dança da cadeira, vassoura, música contida). Os adultos não esperam que, dentro de algumas horas, haverá no ambiente pura baderna. Gritaria, chute a gol com brigadeiro (falaremos mais do brigadeiro), brincadeira de mão e o diabo. Sempre tem um que chora.
Mas logo chega o meio da festa, quando acontecem as transformações. Os mais tímidos já estão loucos no meio das festas adolescentes. Aquele cara estranho da sua classe, o de óculos, mal você percebe e já está botando pra quebrar na pista de dança, ou balançando a cabeleira e bebendo litros de cerveja. Você realmente tem a chance de ver pessoas se transformando. Porque o ambiente da festa se torna contagiante. O engraçado é que, por exemplo, os aperitivos: eles acabam logo no começo (todos comem pouco no almoço pra atacar à noite). No meio da festa já não se vê mais comida, só algumas bolinhas de queijo embaixo do aparelho de som, ou grudadas na tampa do CD. Porém, com as bebidas é diferente: a bebida é mais consumida ainda. Contudo, nunca falta. O anfitrião já sabe previamente que precisará abastecer constantemente as bocas sedentas de álcool dos alcoólatras, dos “bebedores sociais” e dos que “dão só um golinho”. Ou seja: todos.
As pessoas se soltam, a música se torna mais agitada (ou indecente) e tudo de repente perde o rumo.
Há os baderneiros de plantão das festas. Eles aparecem geralmente neste período. Ficam agitados e já querem sair quebrando tudo ou jogando coisas e pessoas na piscina (ou em cima da churrasqueira, que seja). É claro que, se for uma festa dada por loucos desvairados, este grupo vai deixar de ser um incômodo. Pois todos, até o dono da casa, seriam os baderneiros.
A seguir, estão listados os principais tipos de festa que podem ser feitas numa sociedade dita normal.
A festa de um ano de algum bebê – É uma festa meio incoerente. O aniversário é de um coitado que acabou de nascer, não sabe o que está acontecendo e não pode nem convidar seus amigos. Os convidados são os amigos de bar do pai, as vizinhas da mãe e o vovô. Com a vovó, é claro. A festa acaba sendo dos pais. Pode ocorrer, nos casos mais graves, de os pais se empolgarem tanto na farra da festa que acabam deixando a criança dentro dum quarto, dormindo, para poderem ficar em paz com os amigos. Acaba indo até tarde, e no fim ninguém lembra quem era o aniversariante da festa, que de repente acorda chorando.
Festa de criança em geral: São as mais barulhentas. Bexiga, doces, bolo com tema do desenho atual da Disney, músicas irritantes. Gritaria, brincadeiras, salão de festas. Piscina de bolinhas (onde ocorrem acidentes), dança da cadeira (onde também ocorrem acidentes) e... saquinhos surpresa (fator traumatizante). O saquinho surpresa é algo que nenhuma criança quer ficar sem. Pode ocorrer de a mãe esquecer de alguma criança na hora do saquinho. A fila vai andando, o Pedrinho é o último. Ele vê que todos estão muito felizes, abrindo suas surpresas. Chega sua vez. Acabaram as surpresas. O Pedrinho chora.
Nas festas infantis sempre tem aquela de alguns convidados levarem amigos ou primos que nem conhecem o aniversariante. Se nem os convidados sabem o que estão fazendo ali, imagine estes outros!
A festa de debutantes – Dinheiro. Se os pais da garota não têm esse mal necessário, então a festa será um fracasso. Infelizmente é verdade. Imensos salões, muitos convidados, muitas debutantes de vestidos iguais. Amigos da escola, e amigas orgulhosas ou invejosas. Vídeos que mostram fotos da vida da aniversariante, e que fazem a mãe chorar. Neste tipo de festa é bom você ir se você não vai ser debutante ou se não terá que dançar valsa. Se você é a debutante, terá que tirar fotos e mais fotos com pelo menos todas as pessoas que existem num raio de 2 Km. E a valsa é algo engraçado, pois os pares das debutantes são colegas da escola metidos no smoking alugado, e que relutaram muito em participar da dança. É quando as debutantes fazem quinze, e quando seus pares pagam por seus pecados.
Churrascos de Domingo – Geralmente dados por adultos, já casados, é uma festa diferente. O tempo é indeterminado, mas costuma começar no almoço, com uma primeira refeição. Picanha, frango, lingüiça... você passa o dia inteiro ruminando aquela massa carnosa e acumulando quilos de alimentos no meio dos dentes, o que depois sempre nos deixa com uma sensação ruim na boca. Vários amigos estão presentes neste tipo de encontro, no fim-de-semana, e não deixa de ser uma coisa em família, também. Aí põe-se ali na mesa uma porção de extras, como maionese de batata, arroz, etc., que ninguém come. Todo mundo quer é carne! “Vai sair carne?” “Anda logo com isso aí!” “Quero carne!”, etc. A música é sempre mais descontraída, eclética, tocando desde músicas bem populares, que todos conhecem, até, é claro, a coleção especial do dono da casa... e ninguém pode reclamar, e ouvem a velha coleção de vinil do Pink Floyd do anfitrião orgulhoso. É uma festa com muito bate-papo descontraído, você vai vestido meio de qualquer jeito, fica o tempo todo conversando, e o negócio vai até a noite, até a madrugada, a carne continua surgindo e se acumulando nos dentes, as pessoas se espalham por algumas partes da casa, meio moribundas, porém num papo envolvente. Um momento de confissões, piadas, nostalgia e acima de tudo um momento para se comer... carne. Detalhe: sem churrasqueira não dá.
Despedidas de solteiro – Ver “Orgias”.
Orgias – Ver “Despedidas de solteiro”.
Aniversários em geral (dando uma especial atenção às crianças e adolescentes) – São as festas mais animadas. Por exemplo, nos aniversários de crianças sempre há um ou dois pentelhos bem pequenos correndo a festa inteira pelo salão, gritando, e que no final acabam se trombando ou caindo de cara no chão. Começam a chorar, alguns riem deles, e aí eles param. Há brincadeiras, músicas, brigas entre coleguinhas e menininhas, refrigerante derramado (sempre há), salgadinhos, bexigas que são estouradas pela ponta de cigarro do vovô estraga-prazeres, língua-de-sogra, docinhos e o bolo.
O bolo - O fator mais importante nas festas, com certeza, é o bolo, não sei por que. A palavra bolo, quando associada às festas, adquirem um tom meio ousado, como se você soubesse que algo grande está por vir. Bolo. Repita. Booooo-lo. Bo-lo. O bolo é esperado. Todos querem saber o sabor, alguns não comem o bolo. Pode-se ouvir, aguçando-se o ouvido, pequenas conversas como estas: “Do que que é o bolo?” pergunta uma pessoa, para qualquer outra que não seja o dono da festa. O outro responde: “De côco”. “Do quê?!” “De côco, pô!” ou então: “Você comeu bolo?” “Ah, eu não” responde a pessoa, meio com uma cara de cúmplice, de culpado. “Por que não?” “Porque é de côco”. E muitas vezes o bolo pega fogo. Isso na hora do parabéns.
A hora do parabéns – É esperada desde o início. Sempre se criou, em festas de crianças, certa polêmica em torno do tema do parabéns. Cada um pensa diferente sobre isso, cada um acha que deveria ser feito em uma hora diferente. Muito cedo, muito tarde... pois é a hora máxima, o extremo da festa. É como a questão do aborto, ou da legalização da maconha: não se pode discutir, pois cada um pensa de um jeito. Velinhas, fotos, bexigas estouradas... e sempre um infeliz embaixo da mesa. O canto do parabéns é muito variado. Muitas versões foram feitas, e muitas são inventadas. Geralmente se acrescenta no final o “com quem será que fulano vai casar”. Cada um diz um nome. A criança faz o pedido, assopra as velas e então todos já podem comer bolo e docinhos (que logo acabam). E temos aí a questão interessante dos atrasados de festa. A coisa mais engraçada é ver uma pessoa chegando atrasada num aniversário: por favor, qualquer bom ser humano que se disponha, se possível, a me responder esta questão, por favor me responda se souber: por que diabos uma pessoa chega numa festa depois do parabéns, depois que o bolo foi cortado, com aquela cara de bobo, perdido, e com um presente mixo na mão, amassado? Por que vem, então? O objetivo não é assistir ao parabéns? O que essa pessoa fazia de tão importante para não chegar antes na festa? Ou então, já nem vem, quando é assim. E, afinal, por que as pessoas precisam ver o parabéns, o que é que tem de excepcional numa criança soprando umas velas debruçada sobre um bolo e rodeada de familiares e amigos? Por que o parabéns deve ser considerado um ponto de referência? Sim, porque muitas pessoas que não podem voltar tarde para casa tomam o parabéns como referência para logo depois irem embora. “Que horas vocês vão?” “Depois do parabéns”, ou “Vamos, Marquinho!” “Ah, mãe, espera pelo menos cortar o bolo, né?”
Os adultos também aproveitam as festas das crianças. Pode ocorrer, também, em casos raros, de ninguém comparecer em tais festas. Este é um assunto obscuro, devendo ser tratado com delicadeza. A criança pode ficar traumatizada. Ela convidou todos os coleguinhas, até o Marquinho, o mudinho. E nem o mudinho aparece no dia. Geralmente é um dia chuvoso, uma coisa triste, e a criança chora. Mas os parentes sempre vêm. Ou não? Não sei. Ah-Hãm...
Outro fator legal da gente tá falando aqui é o do brigadeiro, né? Bom, o brigadeiro, no reino dos docinhos de festa, é o rei. Porque é bom. Podemos citar os ataques ao brigadeiro em festas de crianças e adolescentes, que enchem a camiseta de docinhos e corre pra um canto da casa, pra come-los. Eles vão embora que nem água. É claro que os atrasados de festa, de quem já falamos, nunca comem brigadeiro. Eles nem sabem o que é brigadeiro. O máximo que conseguem é um resto de cajuzinho ou beijinho, ou até um pedaço de bolo pra levar pra casa. Aliás, muitas pessoas, no fim da festa, levam pra casa um pedaço de bolo, com alguns docinhos em volta, e isso não tem problema algum, é que é um negócio engraçado. Parece que a pessoa está levando aquilo pra alguém que está em casa, não pôde vir, está doente. Mas a verdade é que os doces são para ela mesma comer, ou guardar de recordação. Já pensou? Recordação de festinha: “Oba, vou guardar o bolo na minha gaveta, para sempre!” Cinco anos depois, até as baratas que devoraram o bolo já estão mortas, lá no fundo da gaveta. E o susto?
Algumas festas são simples, como as que damos em nossas casas e apartamentos. São legais, também. Pode-se decorar o lugar com bexigas, enfeites, etc. Mas as festas mais requintadas são aquelas de salão de festas, ou salões caros pra diabo que só gente com muita grana aluga, às vezes pra festas de debutante, ou festas de casamento (preciso falar destas, mais adiante). E há aquelas festas, ou vernissages, onde o anfitrião geralmente é um artista, que expõe no salão suas obras para os amigos e conhecidos da alta sociedade poderem apreciá-los. É claro que ninguém vai lá pra ver os quadros. Dificilmente alguém lá sabe qual o motivo da festa. 80% deles vai para beber, e para olhar as pessoas. Afinal, a bebida é farta nestas ocasiões. 20% não bebem, mas também não sabem o motivo do encontro: os quadros. Os quadros são apenas um pretexto para a festa, para as bebidas. Porque se alguém, sóbrio, perguntar o motivo da festa ao anfitrião, ele dirá: “Ah, você não reparou nos meus quadros?” “Que quadros?”.
Festas de casamento são divertidas, acho que mais para os convidados do que para os pombinhos. A parte da igreja dá sono e vem primeiro, porque todos deixam o legal pro final: a festa do casamento. Você pode conversar com os noivos, ou com a família deles, ou então simplesmente experimentar diversos tipos de vinho. Tem muita fotografia, bebedeira entre velhos amigos do noivo, arroz cozido e lembranças eternas. Já pensou usarem arroz cru? Alguém diz, indignado: “Quem foi que trouxe arroz cru?”, e respondem: “Pô, meu, o gás do fogão tava vazando, eu... eu... trouxe cru mesmo, me desculpem”.
Os presentes são algo que causa preocupação. O que dar para a pessoa? Sempre pensa-se que o presente é barato demais, comprado no camelô, ou caro demais: “O que você ganhou?” “Meu pai me deu um carro” “Um carro?! Seu playboy de araque!”.
A pessoa, desde o dia em que é convidada, começa a refletir sobre o presente. “Mas do que ele gosta? Meias? Cueca? Fica feio se eu dar cueca? E a Marlene, vai dar o que? Pergunta pra ela. Perfume? Será?”. Aí, no meio dessa dúvida, acaba-se deixando para a última hora. No dia da festa, a maior correria, desespero, e compra-se qualquer coisa. Porque o presente é o de menos.
Crianças tem aquele velho trauma de não querer ganhar roupa. A tia chega com uma camisa toda estampada, sorridente, e entrega à criança, no meio da farra do futebol com brigadeiro. A cara da criança, ao rasgar o pacote, é inesquecível. Uma cara que diz bem assim: “Sabe quando que eu vou usar esta camisa?... no seu funeral, tia Selma!”. A tia acha que a criança gostou, pois a criança fez um sorriso forçado, e, por isso, sempre dará novas peças de roupa: bermuda laranja, meia azul, boné que não cabe na cabeça, etc.
E tem aquela avó do interior que não vê os netos adolescentes há anos, e chega com um carrinho, ou com um vestido minúsculo. Pensou que ainda eram crianças. E aí o pai fala: “Mamãe, eles já cresceram, são jovenzinhos agora... não brincam mais de carrinho”. E a avó: “Claro que brincam, olha só o tamanho deles, os meus netinhos pequenininhos”. E o pai: “Mãe, a senhora está enxergando direito?”.
E tem a velha história dos presentes repetidos. Causa raiva no pequeno aniversariante, e é frustrante. Na verdade, a primeira pessoa que deu o presente é o felizardo, pois o presente é inédito. Mas aí chega o Paulinho, com o presente igual, e aí o aniversariante abre, e começa a chorar. Paulinho também chora. E a mãe deste último terá que voltar na loja e comprar outra coisa. Esse negócio de trocar presentes na loja nunca funcionou muito bem.
O amigo secreto também é hilário, pois não se vê sentido algum naquilo. Primeiro, surge a idéia: “Oba, vamo fazê amigo oculto esse ano? Quem topa?” “É amigo secreto, e não oculto”, respondem. Aí, tiram os papeizinhos, sempre tem fraude no meio, chantagem, troca secreta de amigos secretos, estipulação e morte. Muito bem, o preço a ser estipulado. Taí a ignorância do negócio. Estipulam um preço, e fazem a lista de presentes. O que cada um quer ganhar é anotado e passado para todos. Acontece que, se é assim, por que cada um não vai até a loja, e compra pra si mesmo o que quiser? Assim, além de não correrem o risco de comprar presente errado, não precisam esperar até o dia da troca de presentes. É mais prático.
As festas existem desde que o homem existe. É uma maneira de se descansar dos árduos dias de trabalho durante a semana. Aí as pessoas criam um evento como este, onde esperam não ter de se preocupar com nada. Mas, na verdade, nas festas a preocupação é maior ainda. Os preparativos, por exemplo, podem dar dor de cabeça. Dinheiro gasto, além dos danos causados no dia (como as tragédias na piscina e os copos derrubados), prejuízos, presentes...
Além disso, muitas vezes a boa imagem é necessária numa festa, como aquelas comemorações numa empresa, onde aquele pobre funcionário deve ter uma boa imagem e se portar adequadamente na festa, muitas vezes porque um grande representante internacional da empresa estará na festa.
Uma coisa que não pode faltar em qualquer espécie de festa são os banheiros. Podem reparar que são um ponto importante pois sem eles não há festa. Não dá pra se divertir sem descarregar o líquido bebido durante a noite. É proporcional, podemos até analisar os convidados, observando a freqüência com que vão ao toalete. Aquelas festas mais requintadas e que têm uma duração maior pedem mais idas ao banheiro, com certeza. A pessoa vai, em média, uma três vezes durante uma noite dessas, por exemplo. Se observarmos, veremos que ninguém é de ferro. Agora, tem uma coisa que é realmente um incômodo pra se fazer durante uma festa. Bom, até agora falávamos, obviamente, de “urinar”. Certo, devemos tratar o assunto com naturalidade. Afinal, o líquido bebido causa, inevitavelmente, esta vontade. Porém... podemos citar incidentes que não são convenientes, como o de sentir aquela súbita e maldita vontade de... bom... defecar durante a festa. Devemos nos lembrar que o estômago é um bicho muito teimoso e imprevisível, pois está sempre nos botando em situações embaraçosas. Fazer cocô numa festa não é bom. Por mais que se precise fazer... é uma coisa dos diabos! A pessoa não fica à vontade, é claro, pois... bem, ela estava a alguns segundos dançando com seu melhor par, e, de repente, segundos depois, está sentado fazendo força por uma coisa bem diferente de dançar... porque imagine só se começam a notar que você está demorando demais para voltar! Estão querendo te apresentar pra uma pessoa muito importante, e você está fazendo cocô, e, devido à demora, é claro que todos logo já deduzem que você não foi simplesmente “ao banheiro”. Subentende-se que foi-se fazer o cocô. Mas isso é normal, apesar de tudo. Fazer cocô e ir a festas são duas coisas normais, duas manias bobas do ser humano...



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