Quando é hora da poesia,
A turma fica contente,
Explodindo de alegria,
Inclusive este escrevente.
Dando início a esta aventura,
Vamos dizer que gostamos
De que a trova esteja pura,
Com frutos doces nos ramos.
Serenamente intuímos
Que o caminho seja este.
Se não for, logo saímos,
P ra não ouvir: — “Te perdeste...”
Valiosos os momentos
De lídima inspiração:
Não existem cães sarnentos,
Havendo bom coração.
Misteriosos, estes versos
Põem a pulga atrás da orelha.
Mesmo sem serem perversos,
Têm trabalho de coelha.
Em que dá o treinamento
Com sabor de obrigatório:
Logo termina o tormento,
Mas somos no “pulgatório”.
Querido amigo escrevente,
Não se perturbe conosco:
Vá em frente, seja crente
De superar este enrosco.
Toda vez que pego a pena
P ra elaborar a quadrinha,
Minh alma não é pequena:
É mais que pequenininha.
É com íntima alegria
Que as quadras se superpõem.
Não é questão de poesia:
É querer que nos perdoem.
Por isso, damos motivos
Bem p ra lá de verdadeiros:
São certos os objetivos
Que aqui se dão por inteiros.
Vemos que tudo, na vida,
Deve ter sentido sério,
Mas a quadrinha convida
Ao riso no “cemitério”.
Alguns pensam que, no etéreo,
Tudo deva ser sisudo,
Mas, descoberto o mistério,
Dizem logo: — “Isto eu mudo...”
Vejam como as coisas vão
Arrumando-se no fim.
Se houver um bom coração,
Hão de dizer: — “ Tá p ra mim!...”
Desta forma vamos nós
Dando a ouvir a nossa voz,
Em estrofes mui faceiras,
Aguardando que os leitores
Saibam suportar as dores,
Perdoando as brincadeiras.
Pois se temos leve a alma,
Se o sofrimento se acalma,
Ao Senhor devemos tudo.
É melhor ter alegria
P ra demonstrar na poesia,
Com muita fé, sobretudo.
Se este resultado alegra,
É que seguimos a regra
De não lamuriar jamais:
O pior dos sofrimentos,
O que causa mais tormentos,
Não vai levar nossos ais...
Cada qual sofra calado,
P ra ficar desconfiado
De que nada fez bem feito.
Vamos provocar no povo
(Um galo a botar seu ovo)
Um riso que lhe abra o peito.
O melhor desta poesia,
Além de dar alegria,
É trazer imagens novas.
Posto não sejam perfeitas,
“Treme-tremendo” maleitas,
Fazem jus a nossas covas.
É total a liberdade
De fazer a caridade,
Até mesmo em simples versos.
É que tudo é permitido
Ao que está comprometido
Em vencer os universos.
Eis aqui meu arrastão,
Como em praia, no verão,
A botar medo no povo.
Já que ninguém é de ferro
Para agüentar forte berro,
Proclamando: — “Eis-me de novo...”
Esperando ter cumprido
O bem que me foi pedido,
Nestes versos pretensiosos,
Vou deixar agora o posto.
Onde tive muito gosto
De desfrutar destes gozos...
Não quis fazer ironia,
Quando trouxe, na poesia,
Um pouco de lassidão,
P ra relaxar os meus nervos,
P ra fazer felizes servos
Da vida na escravidão.
Ao Senhor deste Universo,
Solenemente, hoje eu peço
Que me dê inspiração,
P ra pôr fim, co altaneria,
Ao punhado de poesia
Que fiz com meu coração.
Sinto um pouco de vergonha,
Já que acredito em cegonha,
Julgando ter bom sucesso.
É que o povo do meu lado
Abre a boca admirado,
Quando silêncio eu lhe peço.
É que está chegada a hora
De me arrumar p ra ir embora,
Agradecendo ao Senhor,
Pois o que fiz não faria,
Uma linha de poesia,
Se não fosse o seu amor.
Como último recado
(Um derradeiro pecado)
Vou dar logo o meu adeus,
Dizendo a toda esta gente,
Inclusive ao escrevente,
Fiquem no temor de Deus!
|