O DESAMOR DO HOMEM
Maria Hilda de J. Alão.
É dolorido ver as ondas furiosas
Do mar, que tantas alegrias me dava,
Lançar entulhos como podres rosas,
Na areia, onde outrora, eu dormitava.
Com a ressaca, amontoam-se os dejetos,
Para a felicidade dos urubus voando
Sobre a morte engendrando projetos
De à beira do mar ficar morando.
Sentem-se como veleiros na angra
Esperando o prêmio do cataclismo
Da poluição que o planeta sangra,
Levando os viventes para o abismo.
Triste está a Terra envolta em brumas
Vendo evaporar a água e o ar puro,
E já não se vê gaivotas nas espumas
Do oceano, futuro deserto escuro,
Morto pela usura do progresso frenético
Esmagando, como um trator, a beleza,
Deixando para trás o quadro tétrico
Do desamor do homem pela Natureza.
19/02/04.
|