LIMBO
Elane Tomich
Não, lá não tem telefone!
a estrada dilui-se em reta,
a música é de gramofone,
saída pequena e incerta
onde o adeus se aperta
num silêncio de renome.
Há mais janelas que portas.
Do mundo, imprecisa notícia,
assunto vago, não importa...
Há uma bruma propícia,
que encoberta o passado
trazendo idéias tortas
a um tempo pré-datado.
Não há caixa de correio.
Num espelho emoldurado,
futuro partido ao meio.
Um pouco dele é presente,
o resto é pura vigília
de flores de buganvília.
Ali a mentira não agita
aquilo que à carne grita
num resto de terra aderente
Na casa desta charada
onde sorriu-me o sorriso,
um anjo de asa quebrada
sem um pingo de juízo,
conduziu-me em travessia
à chegada da saída,
onde o medo se esvazia!
Não sei se é, o que esqueço
dentro da minha saudade.
Algo em mim sabe o endereço
da minha perplexidade.
Canta a ave do sono, insone,
a brisa sopra reticente,
desculpe! Esqueci meu nome,
mas acho que era Gente.
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