"A ciência sem religião é aleijada,
a religião sem ciência é cega."
Albert Einstein
O paradigma dentro do qual nos movimentamos estabelece uma ruptura em todos os campos. A palavra de ordem é analisar, ou seja, fragmentar para que se possa conhecer cada parte separadamente.
Como ensinavam os antigos alquimistas, só o que está devidamente separado pode ser unido. Daí ter sido necessário que aprendêssemos a separar as coisas, analisa-las e conhecermos cada parte em separado.
No entanto, parece que começamos a nos sentir saturados de viver num mundo de fragmentos. Estamos cada dia mais nos tornando especialistas em cada peça do quebra cabeça da vida, mas também a cada dia aumenta nossa sede de entender como estas peças se encaixam, que imagem elas formarão juntas e o que aprenderemos com este resultado.
A religião tem sido, principalmente no ocidente, um amontoado de absurdos superficiais que objetiva fazer prosélitos ao infinito, o que é sinônimo de obter poder. Tem usado, há muito, o sofrimento humano para impor seus dogmas. Restringe a liberdade do homem e o torna cego, através do medo, para que nem tenha a coragem de reflexionar sobre as incoerências que ela propõe. O resultado disso é conhecido de todos nós que assistimos todas as conseqüências constrangedoras da intolerância religiosa e do fanatismo. Se teoricamente o objetivo da religião é nos fazer conhecer cada vez mais nossa subjetividade para nos ligarmos (religião=religare) com a fonte da vida, hoje ela, ao contrário, massifica os homens, limitando seus horizontes, tornado-os medíocres.
Então, ao homem menos disposto a deixar-se levar por tais absurdos, resta buscar o sentido da vida em outro lugar, onde as coisas sejam vistas de outra maneira. Este lugar é a ciência.
O modelo tradicional da ciência tem mostrado o quanto a razão está distante da inteligência, já que, etimologicamente, inteligência significa “ser capaz de ler dentro”. A ciência ortodoxa só aprendeu a ler por fora, ou seja, só torna objeto de seu estudo aquilo que pode ser visto, pesado, medido... Aprendeu a separar as coisas, mas ainda não aprendeu uni-las depois. Ela mesma é interiormente fracionada já que, de especialização em especialização, foi afastando seus campos de conhecimento que, se juntos, poderiam revelar surpreendentes descobertas.
É neste contexto que temos vivido.
O mundo nos questiona sem cessar se somos de lá ou de cá, se optamos por isso ou aquilo, se escolheremos esta ou aquela bandeira para lutar por ela e tentar impor suas cores a todos os incautos do caminho.
Em razão disso, ou escolhemos um lado, dogmaticamente, ou escolhemos lado nenhum e nos tornamos apáticos.
Talvez ainda demore mais algum tempo até que nos cansemos definitivamente de colecionarmos peças desse quebra cabeça. Hoje somos avaliados pela quantidade delas que possuímos. Quanto mais informações conseguimos decorar e reter, melhor. Ainda não descobrimos melhor para quem, mas, por via das dúvidas, guardamos avida e orgulhosamente nossas pecinhas.
Monta-las é outra história.
Deixemos isto para nossos filhos e netos.
Montar é coisa infantil.
E nós somos cientistas. De segunda a sexta.
Domingo nós vamos à igreja.
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