Difícil me é cada vez mais, inda que tente,
Dizer do que me vai no coração, exatamente,
Pois não sei
Explicar ou definir o amor, suas mil nuances,
Apenas sei que, uma vez que o alcances,
Não há lei,
Nem há o que quer que seja, em todo o mundo,
Que seja tão belo e, muito menos, tão profundo.
Dirão, muitos, que a alma sonhadora de um poeta
Em devaneios, é mui capaz da mais completa
Ilusão.
Talvez, porque não possam ainda compreender,
Posto que nunca amaram, a força e o poder
De uma paixão.
Esses, que em seu peito jamais sequer sentiram
A chama ardente de um amor... se admiram...
Sim, admirados ficam, diante da grã verdade
Somente conhecida pelos que, na realidade,
Amam.
Porque, assim como o leigo, diante da ciência,
Os que falam do amor sem passar a experiência,
Chamam,
Erroneamente, de amor, um outro sentimento,
Qualquer, por puro e simples desconhecimento.
Discutem, tantos pobres, acerca desta figura
Que não conhecem... não sofreram amargura
Por amar.
Não experimentaram, jamais, como quem ama,
Dentro do peito, o calor de tão intensa chama,
A queimar.
E perdem, com certeza, vivendo sem amor,
Da vida o mais perfeito bem, o mor sabor.
Mas, aqueles que, ao menos um amor viveram,
Que essa magia deliciosa um dia conheceram,
Saberão
Não serem os poetas, do amor os inventores,
Porquanto conhecem as alegrias e as dores
E, então,
Sabem que do amor, enfim, todo o sentido
Consiste, não em ser explicado, mas vivido.
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