Todos os dias, à tardinha, eu passava,
Infalível, em frente à casa dela.
Confesso que muito me impressionava
Aquela moça que ficava na janela,
Misteriosa.
Em todo o bairro, um só jovem não havia
Que não tivesse, era fato conhecido,
O costume de passar a cada dia
Naquela rua e observa-la, comovido...
Era formosa.
Mas, dela, ninguém ousava aproximar-se,
Porque não nos olhava e nem sequer sorria,
Não dava margem a pretexto ou a disfarce
D’algum, que se pudera, oferecer-lhe-ia
Uma rosa.
Assim, jamais aquela moça da janela
Por um momento olhou nos olhos de um rapaz,
Nunca se soube por que jovem tão bela
Não quis amar...; preferiu ficar em paz,
Silenciosa.
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