Com o fim de fugir ao sofrimento
Há quem não descuide um só momento
De ser só.
Crêem que, da dor, protegem o coração,
Não cedendo aos assédios da paixão.
Dá dó.
Jamais haverão esses de alcançar
O bem maior da arte de amar.
Criam dezenas de ditos e chavões
A troçar dos que dão seus corações
Ao amor.
Dirigem aos que amam mil brincadeiras,
Desperdiçando, assim, vidas inteiras,
Sem ardor.
Porque nunca ousaram iniciar
O aprendizado da arte de amar.
Deles, por certo, muitos gostariam
De, ao menos, saber se sentiriam
Algum...
Prazer, se lograssem ter coragem
De viver um grande amor, mas não agem –
- Nem só um.
E permanecem no que chamam salutar –
- A imunidade à arte de amar.
Procuram, muita vez, levar consigo
Outros, aconselhando cada amigo
À solidão.
Solidão espontânea, escolhida,
Que se dá por filosofia de vida,
Ilusão.
E conseguem seu intento de afastar
Alguns da doce arte de amar.
Mas, a despeito de tudo que se diz,
Aquele que, verdadeiramente, é mais feliz,
Ama.
Não teme, do amor, as dores e agruras,
Nem procura escapar às amarguras
Da chama
Que se acende no peito, até queimar,
Dos que conhecem a arte de amar.
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