A alegria de viver
Fica à beira do perfeito,
Pois quem cumpre o bom dever
Deixa mui leve o seu peito.
Valentia desabrida,
Entretanto, é vitupério:
Para ser feliz na vida
Bastará trabalho sério.
Tenho um amigo, João,
Hoje socorrista e tanto,
Que, por ser um valentão,
Enxugou um rio de pranto.
Humildade é progresso
Que se conquista com dor:
Quem corre atrás do sucesso
Frustrações sabe de cor.
Quando o bem se faz co amor,
É possível progredir,
Dando ao Pai, como penhor,
A esperança do porvir.
Tenhamos fé no futuro,
Que está lá nosso destino,
Contudo, um hoje mais duro
Isenta de desatino.
— “Pelas obras medirás” —,
Diz a lição de Jesus.;
Busquemos, pois, nossa paz,
Irmanados nessa luz.
São pontos do catecismo
Que dão força à nossa luta.
De Kardec, o Espiritismo
Lapida noss alma bruta.
Oremos no desespero,
Quando a esperança se vai.
Evitar todo exagero
Já é confiar no Pai.
Apelemos para os guias,
Quando o infortúnio nos verga,
P ra que amenizem os dias
Que rolarmos numa enxerga.
Da morte ninguém escapa:
É condição desta vinda.
P ra sair daqui bem guapa,
Tem a alma que estar linda.
Trabalhemos para isso,
Não recusemos serviço
Para ajudar nosso irmão.
Honremos a confiança,
Que reviver não se alcança,
Sem ter fé no coração.
Cumpramos a nossa sorte,
Mantenhamos firme o norte,
Pratiquemos caridade.
Ao irmos p ro cemitério,
Compreendemos o mistério
De a dor ser felicidade.
Seremos bem recebidos,
Se bancarmos os sabidos
Nas artes do bem viver,
Deixando os males de lado,
O coração controlado,
Resplendendo bem-querer.
Vamos sentir alegria,
Pois é de pura poesia
Nossa ascensão para os Céus,
Inda mais se, ao nosso lado,
Segue todo o povo amado,
Que viveu no amor de Deus.
Desejaria ficar
Mais um pouco a poetar,
Pois gostei de fazer versos,
Porém, me vou despedir,
Muito grato ao Wladimir,
Por não fazê-los perversos.
Oremos só um pai-nosso,
Que mais que isso eu não posso
Oferecer para Deus.
Como tenho a alma pálida,
Pelo menos seja válida
A prece do nosso adeus.
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