Leva, alguém, vida tranqüila, sem problemas,
A salvo de grandes dores ou dilemas,
Em paz.
Com freqüência, reúne-se aos amigos,
Não se expõe, dos amores, aos perigos,
Jamais.
A vida é uma só serenidade,
Não conhece, este, o que seja saudade.
Até o dia em que descobre, enfim,
Que lhe não é possível sempre estar assim,
Sozinho.
E vê um encanto, dantes não notado,
Em alguém que há muito está ao seu lado,
Pertinho.
Neste ponto, não tem ainda a noção
De que, aos poucos, nasce uma paixão.
Começa então, a perceber, o pobre,
Algo de mui rara beleza, nobre,
Nela.
E muitas vezes vê-se numa quase catarse,
Qualquer coisa, agora, o faz lembrar-se
Dela.
E sente algo de novo, uma emoção,
Mas não notou, ainda, o nascer de uma paixão.
Até que vê que, dela, lembra, não somente,
Algumas vezes, mas todo o tempo sente
Saudade.
E de esquecê-la por um instante não há jeito,
Pois sensação impressionante todo o seu peito
Invade.
Afinal, imerso está n’algo sem solução,
Aprisionado por esta recém-nata paixão.
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