No mar desta vida, lá vai o meu barquinho,
carregado de tantos sonhos, tanta ternura,
na luta incessante, um vento forte e cruel,
joga-o sem dó, sozinho na praia da agruras.
Fracassado e triste, fazendo seu papel,
traz-me um fardo pesado de amarguras,
amarguras das quais engulo feito fel,
tirando de mim as ilusões mais puras.
Nos momentos de silêncio, em paz reflito,
a existência infeliz que me enreda e tece
e nessa própria teia que vai até o infinito.
No retumbante som do meu próprio grito,
Minh’alma espanta, se agiganta e enobrece,
para dar-me a paz que tanto necessito.
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