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Contos-->A vida - Experiência Não Vivida -- 17/09/2000 - 15:31 (Danielle Meniche Cruz) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Toda vida começa, quando uma termina.
Assim aconteceu comigo, tinha família, amigos, trabalho ... Certo dia , deixei que meu filho de 14 anos experimentasse guiar o carro , fui irresponsável , derrapamos e batemos de lado em um caminhão , fiquei presa nas ferragens, sofri sérias lesões no crânio e meu filho morreu.
Hoje estou em coma profundo, queriam desligar os aparelhos, mas minha família não permitiu, eles tem esperanças. A visão que tenho e de que meu corpo está lá embaixo, e que o lugar onde estou é iluminado. Não sei quando voltarei, se é que voltarei, pois tenho uma escolha a fazer. Aqui não é o paraíso como todos falam, mas é um lugar maravilhoso, não vi Deus e nem Jesus, mas posso sentir suas presenças. Existem várias pessoas como eu aqui, mas a maioria está esperando a sua vez de vir.
Olhei para meu corpo e vi aquela imagem de sofrimento, feridas não só físicas mas espirituais, vida que talvez não possa ser recuperada. Ando pelos campos e bebo das límpidas águas da bela fonte, viajo até onde posso , tenho liberdade, é como se a vida passasse rapidamente aonde estou.
Volto alguns minutos depois e observo-me na cama, eu envelheci. Meus cabelos estão grisalhos, os filhos mais velhos, netos. Ouço meu filho dizer :
- Passaram-se 10 anos e nenhuma mudança no quadro ... será que ainda há esperança ?!
Dez anos, mas para mim foram dez minutos, o corpo está lá, paralisado. Não estou morta, será que estou aqui para aprender alguma coisa, ou para perdoar alguém. Tenho que buscar as respostas.
Uma voz me chama, é um homem de barba branca e aparência senil.
- Siga-me - diz o homem - vais saber seu objetivo.
Vamos até o quarto do hospital, e ficamos em pé do lado da cama, começamos a conversar.
- Por que não estou morta ? - questiono.
- Não tens de morrer - dizia o homem seriamente - mas para voltar terá que cumprir uma missão.
- Mas por que vim para esse lugar, como ?
- Você sofreu um trauma, sabiamos que sofrerias um acidente, te enviamos aqui para que termines o que não acabou - dizia em voz alta o sábio.
- Mas o que é ? - questiono com expressão séria.
- Em outra vida morreste antes de cumprir o que lhe fora ordenado.
- Mas o que ? - já estava ficando nervosa.
- Terias que perdoar aquele que te fez mal.
O homem desaparece, e eu fico a chamá-lo, mas ninguém responde. Mas quem teria de perdoar ?!
Onde será que está meu filho morto, eu devia ter perguntado. Resolvo procurá-lo.
Corro pelos verdes campos, mas não o encontro. A única área restrita para mim é a terra, mas eu quebrarei esta regra. Ando pelos corredores do hospital, procurando, pelas ruas, mas não encontro. Vou ao local do acidente, e lá percebo a presença de um garoto sentado no chão de costas para mim, aproximo-me e pergunto :
- Você é o meu filho ?
O garoto vira-se e olha diretamente para meus olhos, uma lágrima escorre pelo seu rosto.
- Perdoa-me mãe !?
Nos abraçamos , e eu perdoei meu filho. Neste momento o sábio aparece e diz :
- Você agora pode morrer e permanecer para sempre em nosso reino. Perdoaste aquele que te fez um mal.
Naquele dia, eu percebi o valor da vida - mesmo que tardia - e depois da experiência sentia-me na condição de ser feliz e livre, pois aqui sou paz e amor, aqui aprendia a viver. Mas ai, as coisas não mudaram.

Fui enterrada no dia 18 de outubro de 1996.


FIM

Escrita por Danielle Meniche Cruz
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