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Cordel-->Uma décima dia a dia = Actualização -- 24/07/2005 - 20:52 (António Torre da Guia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
001 = 6ª. feira - 17 de Junho

A fingir de criaturas
Em pestilentas miasmas
Andam praí uns fantasmas
À borda das sepulturas
Semeando amarguras
Sobre a triste solidão
Daqueles que em comunhão
Só querem enluarar
Sua existência e lograr
Alguma consolação...

002 = Sábado - 18 de Junho

Às vezes na confusão
Num lance desprevenido
Até se esquece o sentido
Perdendo-se a direcção
No meio do arrastão
Que assola pra morder
O nosso calmo viver
E a gente que não é
Por condição de má fé
Num segundo passa a ser...

003 = Domingo - 19 de Junho

Por isso mesmo a meu ver
Segundo antigo dito
Eu sinto e acredito
Que se aprende até morrer
Embora para valer
O efeito que se aprende
Nem sempre deveras rende
Quanto dele se espera
Porque a vida é uma megera
Casada com um duende...

004 = 2ª. Feira - 20 de Junho

Se tudo que me ofende
Só em palavras saísse
Quiçá a ofensa servisse,
A quem não me compreende
Ou finge que desentende
Só pra criar confusão,
De varinha de condão
Azada e profiláctica
Que evitasse na prática
Os actos sem remissão...

005 = 3ª. Feira - 21 de Junho

Sol bonito d estadão
Há pombas em meu telhado
Arrulhando um melopado
Prazer d anunciação:
Vem aí o São João
E a rusga está preparada
Na codícia da noitada
Mais bela deste meu Porto
Que desata o ponto morto
Pra bem viver sem mais nada...

006 = 4ª. Feira - 22 de Junho

Levemente perfumada
A brisa de manjerico
Já inspira o mafarrico
Do povo em grande levada
Que de alho à martelada
Faz a batalha campal
Do mais lindo festival
Que conheço em singeleza
Entre a multidão acesa
De paz em "guerra" total...

007 = 5ª. Feira - 23 de Junho

Há algo de Carnaval
Mas a festa é mais calma
Como se o corpo e a alma
Tivessem data formal
Para no ponto ideal
Demonstrarem lado a lado
Que são um par bem casado
Ao longo da madrugada
Com toda a gente enlaçada
No élan do mesmo fado...

008 = 6ª. Feira - 24 de Junho

Hoje no Porto é feriado
Porque é dia da eleição
Que outorga a São João
Sempre em voto renovado
O seu trono abençoado
Na invicta cascata
Desde a casinha de lata
Ao mais rico edifício
Onde por amor de ofício
O santinho tão bem trata...

009 = Sábado - 25 de Junho

Manhãzinha se destapa
A sombra da decepção
Nas folhas mortas no chão
Enquanto um gato se cata
À espera de uma gata
Que sonda uma saída
Na cidade adormecida
A acordar devagarinho
Para no mesmo caminho
Se atirar de novo à vida...

010 = Domingo - 26 de Junho

O Verão em brasa suicida
Incendeia a floresta
Queimando o verde que resta
Da paisagem florida
Entre a água poluída
Que a seca escasseia
De aldeia em aldeia
Onde as fontes naturais
Exangues não podem mais
Com a humana alcateia...

011 = 2ª. Feira - 27 de Junho

À crise que mais se enfeia
Responde a greve ao trabalho
Embaraçando o baralho
Que o Governo manuseia
Para os ricos à mão-cheia
Prós pobres de mão fechada
O suor não vale nada
Porque os que mais protestam
E em praça se manifestam
Vão de pança bem inchada...

012 = 3ª. Feira - 28 de Junho

Os profetas de bancada
Agitam o alarido
Sobre o sério que é bandido
E por irónica piada
Aos ladrões não fazem nada
Enquanto o povo benquisto
Como sempre anda de cristo
Arrastando sua cruz
Cuja esperança de ter luz
Morre sem nunca a ter visto...

013 = 4ª. Feira - 29 de Junho

Há trinta anos vão nisto
Os cegos de olhos abertos
Imbecis fingindo espertos
Onde surge o homem misto
Reclamando o sinistro
Direito de engravidar
E por isso quer casar
Com o leal companheiro
Que trabalha de coveiro
Pra na morte o enterrar...

014 = 5ª. Feira - 30 de Junho

E nada é de admirar
Porque em desvios da porra
Também Sodoma e Gomorra
Deram ao mundo que falar
Para exemplo milenar
Como aliás em relato
A Bíblia mostra o retrato
Da grande devassidão
Que a título de evolução
Repete o desiderato...

015 = 6ª. Feira - 1 de Julho

Porque almejo ser cordato
E sobretudo ordeiro
No papel de usineiro
O mais possível sensato
Com humildade acato
O cariz de cada qual
Já que na vida afinal
As coisas são como são
Com razão ou sem razão
Quer por bem ou quer por mal...

016 = Sábado - 2 de Julho

Por feitio sou frontal
Para não ter de viver
Com a alma a remoer
Feita orgão visceral
Pois sei bem quanto é letal
Dar ao ego o tormento
Da maldade em sentimento
E assim alimentar
A sede de me vingar
Se abomino tal intento...

017 = Domingo - 3 de Julho

Cultivo o pensamento
Que após a experiência
Se impõe à inteligência
Em livre comedimento
E daí faz o fermento
Que leveda com apuro
O pão firme e seguro
Que a humanidade come
Para saciar a fome
Sem ter medo do futuro...

018 = 2ª. Feira - 4 de Julho

Desde qu inventou o muro
O ser humano traçou
O destino que o levou
Ao desastre tão impuro
Onde hoje vive inseguro
Fechado na liberdade
Em permanente maldade
Forjada no preconceito
Que lhe apaga no peito
A luz da humanidade...

019 = 3ª. Feira - 5 de Julho

Face à única verdade
Que a vida tem pra nos dar
Deveremos encarar
Com firme serenidade
A trágica realidade
Dos que deixam de viver
Porque afinal morrer
É exactamente igual
Ao vazio incondicional
Que ninguém pode saber...

020 = 4ª. Feira - 6 de Julho

O que se possa dizer
D aquém ou d´além da vida
É uma mentira parecida
À daquele que quer crer
Na existência do ser
Segundo Deus e persiste
Em tristeza mais que triste
Cegamente a acreditar
Que há-de ter um lugar
Onde nem o nada existe...

021 = 5ª. Feira - 7 de Julho

Todavia não desiste
E mesmo de boa fé
Continua a ser quem é
Sofre imenso mas resiste
Como um Cristo que assiste
À tremenda podridão
Dos que se evocam em vão
De Deus em cada segundo
E impõem a paz ao mundo
Só à força de canhão...

022 = 6ª. Feira - 8 de Julho

Temente e sano cristão
Cumpriu estreito o dever
Empenhando-se a valer
Na difícil construção
Dum lar pra dar geração
Ao futuro com vigor
E casou por puro amor
Com bem prendada donzela
Humilde mas muito bela
Mulher de asseio a primor...

023 = Sábado - 9 de Julho

Hoje no banco da dor
Na solidão sem adornos
Seguro ao par de cornos
Que herdou do desamor
Era capaz de repor
De novo a felicidade
Perdoando a maldade
À sua querida Maria
Que ataca noite e dia
Nas esquinas da cidade...

024 = Domingo - 10 de Julho

Quem fez a moralidade
Esqueceu-se de prever
Que o ser só pode ser
Se puder ser à vontade
E usar a liberdade
Da condição animal
Como usam tal e qual
Todos os seres deste mundo
Sem sujeição ao imundo
Parecer do bem e do mal...

025 = 2ª. Feira - 11 de Julho

Subtilmente fulcral
Shakespeare sabia então
Qual era a suma questão
Que se punha desigual
A cada ser natural
Que nascia pra usar
O mesmo exacto lugar
Que é a vida, meus senhores
Ilustres sábios, doutores
Das leis deste lupanar...

026 = 3ª. Feira - 12 Julho

Ora assim, pra bem estar
Obedeço cegamente
A um odre a fingir gente
E eu finjo pra simular
Que agradeço o lugar
D especial confiança
Onde masturbo a vingança
Dia e noite, noite e dia
À espera d a aleluia
Pró meu punhal d esperança...

027 = 4ª. Feira - 13 de Julho

Esta lengalenga cansa
E agora só me lamento
No tardio pensamento
Que retirei da balança
Já que meu ceguinho avança
Com cuidada precisão
Sendo ao mesmo tempo cão
No mais perfeito conjunto
Mudando logo de assunto
Ou de falsa direcção...

028 = 5ª. Feira - 14 de Julho

Adrego inteira a noção
Da suprema crueldade
Dos títeres da inverdade
Plena de corrupção
Que sustenta a ambição
À qual frontal me oponho
Com quanto de mim disponho
Sem um momento hesitar
E permanente a lutar
De corpo e alma me exponnho...

029 = 6ª. Feira - 15 de Julho

Quanto se extraia do sonho
Prá crua realidade
A par do oásis cabe
O deserto mais medonho
Sempre que a sonhar me ponho
A dormir ou acordado
Qualquer sonho alcançado
Tem infalível reverso
Tal e qual o universo
Escuro ou estrelado...

030 = Sábado - 16 de Julho

O êxtase do amor logrado
O ódio do desamor
A maravilha da dor
A tortura do forçado
O imbróglio tresloucado
Das impossíveis paixões
No jogo das ambições
Por delirante prazer
Acabam a derreter
Em sofridas penações...

031 = Domingo - 17 Julho

Quantas sérias ilusões
Napoleão alcançou
No poder que esbanjou
Pelo mundo aos baldões
Comandando legiões
Na senda gloriosa
Que se tornou desditosa
E em exílio de dar pena
Na ilha de Santa Helena
Com morte tão afrontosa...

032 = 2ª. Feira - 18 Julho

Presumo que amanhã
Estarei de novo aqui
Mas caso não venha cá...
Estou doente ou morri!...

António Torre da Guia
O Lusineiro
Para fruir comodamente
a leitura dos textos
controle o movimento
operando com o "mouse".


Após uma dezena de dias em que não pude prosseguir regularmente a tarefa de conceber uma décima por dia, estou de volta ao desiderato, pois tenciono cumprir ao extremo o objectivo a que me propus. Assim, colocando mais dez estrofes, situo-me neste monento na data de 13 de Julho, com um atraso, pois, ainda de dez dias, o que proximamente recuperarei.

Esta coluna destina-se a receber a eventual participação de quem queira colaborar lateralmente neste gigantesco Cordel, propondo-se publicar aqui os trabalhos que porventura considerar pessoalmente azados. As condições a observar são extremamente simples: total liberdade de expressão - décimas com rima encadeada de uma para as outras - e na casa do vizinho só entra quem ele quiser... Ou os ladrões!...

torredaguia@yahoo.com.br

A última décima em apreço:

Referente a:
031 = Domingo - 17 de Julho

Quantas sérias ilusões
Napoleão alcançou
No poder que esbanjou
Pelo mundo aos baldões
Comandando legiões
Na senda gloriosa
Que se tornou desditosa
E em exílio de dar pena
Na ilha de Santa Helena
Com morte tão afrontosa...
UM SÓ QUE FALA À VIDA PELOS MILHARES DE VÍTIMAS INOCENTES QUE RESULTARAM DA INVASÃO COMPULSIVA DO IRAQUE = O cidadão brasileiro que foi friamente abatido a tiro pela polícia inglesa - um trágico engano que não deixa margem a recurso - constituirá uma permanente e viva centelha de "verdade-realidade" que decerto abrirá definitivamente e sem hesitação os olhos ao mundo. Salvé ó alma sobre o mundo dos "vivos-mortos"...


Som = Cordel de excelente música pela Orquestra de Fausto Papetti
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