Babel estava nua no centro da cidade. As pessoas vinham e se dirigiam até ela em idiomas que ela não conhecia. Reconheceu apenas algumas palavras em inglês e outras poucas em frânces. Todas as demais pareciam absurdamente iguais umas com as outras: começavam como gestos acompanhados por grunhidos, que eram acompanhados então por leves exclamações nervosas, para logo depois se transformarem em raivosos gritos em uma língua desconhecida.
Uma montanha-russa levava os cidadões para o trabalho. Um grande carrocel de mulas sem cabeça rodava a mais de mil por hora. Trapezistas limpavam as vidraças pendurados por um cacho de cabelo do homem de aço. O centro da cidade, ao invés do cinza triste habitual, assumira agora todas as cores do prisma, como um grande picadeiro encantado. Babel estava bem no centro da abóboda, com as luz do semáforo fazendo-se de holofote, enquanto leões vinham em sua direção com a bocarra já aberta. Alheias a tudo isso, duas focas brincavam no chafariz da praça central, em frente a igreja em chamas.