Há dias em que, por mais que se procure,
Não há como encontrar o que nos cure
A alma.
Apodera-se de nós a inquietude,
Sem que nada encontremos que a transmude
Em calma.
Ficamos presos por tal agonia...
Onde se escondeu a alegria?
É como que uma onda, que nos invade,
Um repentino mal estar, uma saudade
Atroz.
É dor da qual se não pode escapar,
Sofrer que não se quer afastar
De nós.
E não se sabe ao certo o que seria
Capaz de nos trazer tal agonia.
De todas as maneiras, se procura
Fugir às garras terríveis da amargura
Que subjuga.
Mas não adianta, é sempre vã
Qualquer tentativa, no afã
Da fuga.
E por todo o corpo se irradia
Esta fria e inexplicável agonia.
Até que, num momento, se descobre, enfim,
O que terá, por certo, nos deixado assim,
Sem paz.
É que se tem dentro do coração
A lancinante dor que a solidão
Nos traz.
E não está ao nosso lado o amor que poderia
Dar fim, de vez, a esta agonia.
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