Longo tempo passei, tão solitário,
Qual errante andarilho.
Tantas noites caminhei, absorto,
A pensar no porquê de tudo.
Andei, de tédio, quase morto
E não encontrei, contudo,
Um alento.
A vida era, então, sem alegria,
Levada avante, ao sabor do acaso.
Eu não tinha uma razão palpável
Que me levasse a ficar em meu lugar,
Sentia solidão inenarrável
Que não me permitia sossegar
Um só momento.
Com a alma inquieta, tristes dias
Vivi, sem um prazer sequer,
Aliás... será que vivi mesmo?
Hoje custo a crer que fosse vida
Sair à noite, andar a esmo,
Com uma tristeza desmedida,
Um desalento.
Até que, de repente, te encontrei
E então, tudo mudou, como se um encanto
Tivesse-me tirado do marasmo
Em que se transformara meu viver
E devolvido meu entusiasmo,
Como se fora levado meu sofrer
Pelo vento.
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