Por aqui passô um moço
Se dizeno pesquisadô
Nos ano de doismiliecinco
Mas ô meno seu dotô;
Baxô aqui no meu terrêro
Aquele cabra facêro,
E arguns dia aqui fico!
Âdispois fiquei sabeno
Qui era dotô formado
Nas facurdade das capitá
Qui dexa os cabra letrado!
Mas esse moço dotô
Vou dizê pro sinhô
Era mutio capacitado.
Mixia cum negoço de tiatro!
Era tombém professô
Seu nome era Pálo Barros
Alegre e cunversadô;
Brinquim vremei dum lado
E gostava de vim gelado.
Era tombém fumado.
Um dia se assentino só
Cum a solidão tamanha
Vortô lá pra capitá
Buscá uma tá de Rosania;
Adispois viero de vorta
De tiatro elis gosta
É lá qui fais sua artimanha.
Todo dia tava ele
No banquim a se assentá,
Tomano o seu vim
Nóis dois danava a prosiá;
Ficô pôco tempo na cidade
Mas dexô grande sôdade
Nesse peito a saluçá.
Elis insinaro os minino
Pra cuntinuá sua missão,
E cada peça de tiatro
Trás pra mim recordação;
Inda lembro du chapé de paia
Mas tudo na vida faia
Ele faiô cum meu coração.
Pois nunca mais deu nutiça
Anda lá pras capitá
Mexeno cun gente grande
Nunca mais veio pra cá;
Num dexô seu indereço
Mas tombém eu num mereço
Dele de mim se alembrá.
Um pobre cabôco qui nem eu
Morano ni cidade de interiô!
Amigo dum cabra letrero
Nas capitá de Sarvadô?
Acho qui nem vai se alembrá
Dos papo jogado no á
Das ora qui nóis prosiou.
Hoje só resta sôdade
Daquele véi cumpanhêro
Pálo Barros sim sinhô
O seu nome verdadêro;
Foi simbóra prôta cidade
Dexano só sôdade
Nesse poeta Airam Ribêro.