Abrem-se as portas do Céu,
Dando acesso aos mais felizes:
Os que romperam o véu,
Co as divinas diretrizes.
Se tivermos bom sucesso,
Nesta vida que transcorre,
Irá ser grande o progresso,
Pois o bem maior não morre.
Cá viemos de cadeira,
Falando aos pobres mortais.
Ouça a voz desta caveira
A dizer: — “Não erre mais!”
Foi enorme o benefício
Que nos deram os mentores.
Valeu-nos o sacrifício
De enfrentarmos muitas dores.
Com isso, vamos dizer
Que as coisas não vêm sozinhas:
P’ra qualquer vida valer,
Há que cortar as asinhas.
A se crer no que dizemos,
Todos vão ter de sofrer:
É que, p ra puxar os remos,
Há de a pele endurecer.
Conhecemos muita gente
Que foi bem feliz na vida.
É preciso ser consciente,
Não dando aos vícios guarida.
Lamentar os bens perdidos
É fato muito oneroso:
Nus nós somos recebidos,
P ra saber da vida o gozo.
Ao chegarmos ao etéreo,
Para cá transladaremos
Tudo aquilo que for sério:
Carta, barco, vela e remos.
A carta é o nosso projeto
Que montamos previamente.
Acrescenta-se o trajeto,
Seja mau, seja excelente.
O barco é nossa família,
Representada em imagens:
Todo amor é maravilha.;
Rancores são desvantagens.
A vela são os tutores
Do plano espiritual,
Que vão dar aos fatos cores,
Ressaltando o bem e o mal.
Finalmente vêm os remos,
Que mostram nosso trabalho:
Por eles logo sabemos
Se teremos agasalho.
Onde estão da Terra os lucros
Por que tanto labutamos?
Teremos sido bem xucros,
Se secos forem os ramos.
Vamos plantar só figueiras
Que dêem frutos, não promessas.
São queimadas nas fogueiras
As que fazem às avessas.
Tudo é bem levado em conta,
Nesse ajuste que se faz:
Nosso proceder aponta
Para a guerra ou para a paz.
Mas o medo que tivermos
Não nos serve para nada:
São gritos dados nos ermos.;
É força mal empregada.
É preciso ter coragem
E enfrentar os dissabores.
É de Jesus a mensagem
P ra que plantemos amores.
Há bons motivos p ra tudo:
É preciso compreender.
As misérias, sobretudo,
Estimulam o saber.
Contenhamos nossas fúrias,
Que são tristes sentimentos.
Jamais digamos injúrias
Contra tão sérios tormentos.
Se temos necessidade
De melhorar a conduta,
É grande a felicidade
De ter que enfrentar a luta.
Vamos vencer as mazelas
Dum caráter malicioso:
Não nos enredemos nelas,
Para aumentar nosso gozo.
Sejamos mui comedidos
Nas ânsias do bem viver.
Os males são resolvidos:
É esse o nosso dever.
Se tivermos mais paciência
Com os fatos e as pessoas,
Vai crescer nossa ciência,
Vão cantar as nossas loas.
Se tivermos um bom papo,
Haverão de acreditar
Que, ao se dar um beijo ao sapo,
Príncipe se vai tornar?
Isso é bom p ros encarnados:
História da carochinha.
Cá no etéreo, os seres grados
Hão de saber a que vinha.
Portanto, todo tempero
Que se quiser dar aos fatos
Será fruto do exagero:
São necessários recatos.
Se tais recomendações
Não forem bem compreendidas,
Aumentem as orações:
Não vão perder suas vidas!
Agradeço eu ao Senhor
Ter vindo dar meu recado:
Se tudo fiz com amor,
Não vai ser posto de lado.
Por isso, caros amigos,
Vamos fugir dos perigos
Das tentações periféricas.
Se fizermos bem perfeitos
Os trabalhos que são feitos,
As festas serão feéricas.
Nós nutrimos esperanças
De aproveitar as andanças
Pelas mentes dos leitores,
De fazer com que melhorem,
Para que as vidas não gorem,
Terminando com as dores.
Serão todos bem felizes,
Se derem às diretrizes
De Jesus continuidade,
E de Deus, os mandamentos,
Bem firmes, sem argumentos,
Cumprindo com propriedade.
Recebam o nosso abraço,
Pois, se formos neste passo,
Não acabaremos mais.
Este dia foi precioso
Para um trabalhar gostoso:
Versos perversos, jamais!
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