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Cartas-->Foram tantos recomeços -- 10/02/2003 - 21:14 ( Andre Luis Aquino) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Agora que já passou é fácil de falar sobre, mas sabe como são essas histórias de amor de hoje em dia, uma complicação só, não são mais como aquelas de antigamente que as pessoas se conheciam se gostavam e se casavam um tempo depois, hoje em dia não sabemos o que queremos e quando temos alguma certeza é o outro que não tem, em matéria de relacionamentos o mar não está para peixe não, nem sempre o que vai pelo coração e chega ao nosso pensamento conseguimos entregar a salvo e intacto ao nosso próximo, mudamos alguma coisa aqui e ali para não magoar a pessoa amada e nessa mudança muita coisa se perde, até mesmo uma parte da essência do sentimento original por aquela pessoa.
Bom, espero que você não se importe de eu contar minha história do meu jeito, sou assim mesmo cheia de filosofias e poesias, eu me definiria como uma sonhadora realista se é que isso possa ser possível, não sei o que seria de mim se não pudesse colocar em palavras tudo aquilo que eu sinto, pois quem escreve nunca está sozinho.

Eu e você sabemos muito bem o que acontece quando duas pessoas que aparentemente não tem nada haver uma com a outra vão se conhecendo e descobrem que sentem um “algo mais” pelo outro, pode ser por alguma coisa que ele disse ou o modo de como ela passou a mão na tua cabeça ou ainda pelas coisas que você só conta para ele, não importa parece que um dia por alguma razão algo muda, o olhar dele já não é mais o mesmo e a forma de como ela te toca parece ser mais suave, assim aconteceu com a gente e deve ter acontecido com tanta gente, nos encantamos pelo jeito de ser um do outro e nos apaixonamos.

Como em todo relacionamento no começo tudo são flores, isso é normal, o difícil é ter que enfrentar a rotina e as incompatibilidades de gênios que surgem ao longo do tempo, as pisadas de bola dos dois lados, a falta de consideração que é perdoada depois de tantos pedidos de desculpas, as crises de insegurança de um lado o ciúme do outro, as palavras ditas no calor da discussão que machucam, as pequenas e grandes mentiras (que na balança do amor às vezes podem ter o mesmo peso) enfim o que não matar o amor o tornará mais forte, mas no nosso caso não foi bem assim.

Não conseguimos administrar nossos ressentimentos e nossos erros, não sou uma pessoa boa para perdoar e nem para esquecer facilmente, estava cansada de ter que pedir perdão e de dizer que perdoava pra ficar tudo bem, até o perdão cansa de perdoar, mergulhamos fundo um no outro, eu mergulhei de cabeça e até gostei de ficar lá por um tempo, mas tinha chegado a hora de voltar para superfície, nunca duvidei se eu gostava dele, mas já não sabia se queria continuar junto, embora tivesse muito medo de perdê-lo e de o ver nos braços de uma outra pessoa, não estava me sentindo feliz, não estava sentindo as coisas fluírem, tentei esconder durante um tempo, ele até percebeu e perguntou se tinha algo de errado, mas eu não tinha coragem de dizer, também ele com aquela carinha de cachorrinho que caiu da mudança conseguia tudo de mim, eu esquecia por algumas horas e me entregava para ele de bandeja, mas quando ia para casa e deitava na cama aquela sensação voltava, então decidi terminar tudo, sabia que ia doer muito em mim, chorei horas, liguei para todas as amigas, respirei fundo, seria melhor assim, melhor agora do que depois, quanto mais cedo melhor, embora já fosse tarde demais para não sentir e causar dor, talvez eu estivesse cometendo um grande erro, mas não podia mais viver assim, afinal eu estava enganando a mim mesma e a ele, estava decidido, eu ia mesmo terminar nosso namoro.

Escrevi cartas, um monte delas, mas nenhuma ficava boa e achei que terminar por carta seria mesmo ridículo, então pensei em ligar para ele e falar tudo, assim eu evitaria ter que voltar atrás, estava morrendo de medo de ter que enfrentar aqueles olhinhos lindinhos bem negrinhos e brilhantes, de chorar na frente dele e me arrepender quando ele falasse aquelas coisas lindas que ele sempre fala quando ´a casa cai´ pro lado dele, mas seria muita covardia minha e ele iria ficar insistindo uma eternidade para me ver pela última vez com aquele jeito dramático dele que confesso que me emociona porque o dramatismo é daqueles verdadeiros e eu não queria ver ele se humilhar, queria guardar só lembranças boas, queria que tudo fosse bem resolvido, queria enfrentar a dor do lado dele até o limite de sua compreensão, o meu olhar já diz tudo, para o bem ou para o mal.

Estava mais tranqüila porque todas aquelas datas que adiam nossas decisões já tinham passado, o meu aniversário, o dele, o dia dos namorados, o natal estava longe, enfim não tinha nada que justificasse um vacilo meu e lá estava eu na casa dele naquele domingo, era para ter contado na sexta, mas acabamos saindo com uns amigos nossos e acabei deixando para o sábado e nesse dia ele me acordou cedinho para andarmos no parque, cheguei a ensaiar mais bem na hora encontramos amigos, depois quando sentamos num banquinho embaixo de uma arvore de frente pro lago achei que aquele era o locar perfeito para terminar nosso amor, mas a chuva chegou e tivemos que ir embora correndo para casa.

No sábado à noite eu estava decidida que seria agora, ele perguntou se eu queria sair e eu disse que não, me preparei toda e coloquei aquela carinha de insatisfeita no rosto, deitei no sofá, coloquei uma camisola triste e comecei a decorar as palavras, fiquei pensando em como iria começar, ele deitou do meu lado e nem percebeu nada, ficou lá vendo um daqueles filmes bobos que passam na teve de sábado à noite, eu lá pensando, pensando, pensando... até que acabei dormindo.

Bom, estava eu lá no domingo na casa dele, acordei e ele não estava do meu lado, ouvi ele no banheiro, estava tomando seu banho, deitada ali na cama senti que agora era mesmo o momento nada iria me impedir, olhava fixamente para o teto, as palavras vieram e eu não iria precisar pensar para falar, então me levantei num salto e cheguei até o banheiro e lá estava ele, só dava para ver a silueta dele pelo Box e toda aquela fumaça do vapor dágua pelo ar, ele assobiava uma canção, estava tão feliz para uma manhã de domingo, mas eu tinha que ser impiedosa se quisesse acabar com tudo e comecei a falar tudo que tinha guardado à medida que eu ia falando ia me sentindo mais leve as lágrimas vieram, mas eu fui forte e coloquei tudo pra fora, eu só podia ver uma imagem dele embasada e talvez fosse tudo que eu quisesse ver, sabia que as lágrimas dele a essa altura já estavam se misturando a água que cai na sua cabeça e terminei por dizer:

- Querido, eu sei que vai doer, mas foi preciso, já não sei se queria mesmo terminar, mas agora já foi e depois de tudo que eu te disse acho que você não vai nunca mais querer olhar na minha cara...

Nesse momento ele desligou o chuveiro, meu coração parou sabia que ele estaria destruído e acabado, abriu o Box e disse:

- Amor pega a tolha pra mim, não consegui ouvir nada do que você disse, só ouvi aquela parte que você estava cansada, amor você tá cansada de quê mesmo?

Ele não tinha ouvido nada do que eu havia dito, fiquei ali uns quinze minutos dizendo o que eu nunca disse pra ninguém, abri meu coração e me mostrei, arreganhei meus dentes e me despi dos meus pudores, nunca fui tão eu como naquelas palavras e ele não ouviu nada, mas o engraçado foi que à medida que eu falava eu ia mudando de idéia, ficava claro que a culpa não era só dele, era minha também e eu ainda queria que desse certo, me senti aliviada por ele não ter ouvido estava arrependida, não eu não queria terminar só queria falar, fui uma dúvida que quase foi certeza e que bom que ele não ouviu, eu dei um abraço bem forte nele e um beijo como se fosse de novo nosso primeiro beijo, ele não entendeu nada, ficou com uma carinha de assustado linda e me perguntou o que eu tinha e eu disse: não é nada não, não é nada não, só descobri que te quero pra vida toda.

Nunca mais toquei nesse assunto porque as coisas mudaram muito, depois desse dia parece que ele me entendeu melhor e conversamos mais e foram tantos recomeços na nossa vida que já perdi a conta, começamos do zero sempre que é preciso, desconfio que ele ouviu sim, mas fingiu que não, foi melhor assim, hoje ainda estamos juntos.


Nota: Prefiro sempre escolher para contar minhas histórias o ponto de vista de uma mulher por achar que elas são mais sensíveis que nós homens.

Na minha busca pela compreensão da alma humana o que mais fascina é a leitura que a alma feminina faz da vida.

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