Tenho compulsão por escrever. Desde menina a coisa mais fascinante que conheci: lápis e papel.
Aprendi as letras muito cedo, com dois para três anos. Minha memória começou alí. Eu, meu irmão mais velho, com cinco anos e uma prima, também com cinco. Minha tia ensinava, desenhava aquelas letras que, para mim eram sinais mágicos, bonitos, importantes. Não eram importantes por serem bonitos, mas, porque diziam coisas.
Primeiro foram as letras, enchi cadernos e mais cadernos inteiros, até que ficassem bem feitas, dentro das linhas. Depois, ia juntando aquelas letras que quase não tinham som, com outras pequenas, inexpressivas, mas sem elas as outras não valiam muito. Não diziam nada.
Olhava a cartilha, lia as figuras e desenhava as letras. E descobri que, muita coisa era possível dizer juntando muitas letras de diferentes maneiras...
Para a criança que eu fui aquele foi o melhor presente que eu poderia ter na vida. Não me lembro se o que me interessava era saber que podia fazer letras ou o que as letras iriam me dizer. Afinal, não eram as minhas letras que me diriam alguma coisa, mas, deveria ser as letras dos livros.
Então, o livro era uma relíquia. Os livros guardavam segredos que iríamos descobrir.
E a imaginação daquela criança navegava nas suas figuras, nos mapas, desenhos de castelos e fadas.
Era um mundo mágico onde todos poderiam penetrar, descobrir, sonhar...
E, sempre lendo, fui escrevendo, fazendo na vida um caminho maravilhoso para percorrer. Plantando e colhendo aquelas muitas flores multicoloridas.