Guarde seu poema no alvorecer,
bem antes do sol nascer
quando ele vier de fontes ricas,
das suas impressões,
dos seus sentimentos,
dos seu sonhos.
Guarde seu poema tão seguro,
ao crepitar
da primeira labareda,
que nasce da inspiração mental,
em plena função orgânica
da sua característica.
Guarde seu poema na concha das mãos,
banhadas na mais pura e sagrada
lírica.
Como uma prece ao Criador,
toma-o numa taça cristalina,
do seu pensamento vivo
e verte-o no seu sangue,
s i l e n c i o s a m e n t e.
Guarde seu poema na sua fantasia,
com suas cores suaves
enquanto bailarem
no seu castelo encantado.
Guarde seu poema no cofre de segredo,
o lugar pleno de aroma e,
do mistério que com ele sai,
da redoma que envolve
a mente ou, enquanto esvoaça,
nesta redoma sagrada do sonho.
Guarde seu poema na essência que vivifica,
a virtude e virgindade virtual
como a oferenda ao mundo
na ânfora da palavra atual.
Guarde seu poema – a voz de sua vida
Para a unção consagradora,
como já foi cantado e gritado,
por vozes do infinito
logo após o eco multicor,
na muralha do estro ainda quente.
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