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Cartas-->Tréplica(?) ao Lindolpho -- 10/02/2003 - 16:24 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Caro Lindolpho,

Sem pretender estabelecer uma polêmica persistente e fastidiosa, notadamente aos olhos daqueles que já perceberam que nossas opiniões sobre a questão da provável guerra contra o Iraque são divergentes e imutáveis, sirvo-me da presente para esclarecer alguns pontos que, no meu modo de ver, poderiam ensejar dubiedade de interpretação, ao mesmo tempo em que pretendo deixar, a título de reflexão, algumas indagações que, no meu entender, permanecem sem respostas convincentes.

1. A questão não pode ser colocada sobre o binômio simplista de ser contra ou a favor de Saddam. Ou de Bush. Ou dos Estados Unidos. Este não é o cerne da questão.

2. Os motivos, se é que existem, da guerra, também não ocupam lugar de destaque. Sejam de ordem econômica, política, ou até mesmo simples vingança de Bush, em represália ao que seu pai teria sofrido com guerras insanas, quando presidiu aquela grande nação.


3. Não aprovo a ditadura e, muito menos, a tirania de quem quer que seja. Sou pela democracia, na acepção ampla do termo. Sem abrir mão dos princípios basilares de que a mesma se reveste: livre iniciativa, liberdade de expressão, respeito aos direitos estabelecidos, observância às leis, à ética e a moral e, por fim, objetivos claros de compromissos com o bem-estar, com a vida, com a natureza e com a justiça social.

4. Seu argumento de que “Malgrado a inabilidade diplomática e a falta de tato de W. Bush”, ele estaria “correto em seus propósitos e, em grande medida, em seus métodos”, sugere, salvo melhor juízo, que você pertence ao grupo de pessoas que aceita o princípio segundo o qual os fins justificam os meios.


5. Evidentemente, a se confirmar tal sugestão, não deixa de surpreendente que um acadêmico inteligente e amante do Direito, possa colocar-se contra os princípios que norteiam os regimes de democracia plena, entre os quais ressaltam o fiel cumprimento da lei e dos entendimentos firmados por organizações criadas para, justamente, e entre outras funções, intermediar conflitos dessa natureza, como é o caso da Organização das Nações Unidas – ONU, que vem sendo tratada ,pelo governo americano, eu diria, com desdém.

6. Aprovar a invasão de um país, pura e simples, sem que se apresentem razões de ordem política ou legal que a justifique, para atender prazos estabelecidos pelo governante agressor, seria instalar o caos no mundo e abrir precedente perigoso no caminho de encontro à paz tão desejada por todos.


7. Seria como fazer justiça pelas próprias mãos. Seria, aliás, guardadas as devidas proporções, fazer o que o Iraque fez com o Kuwait. Como você mesmo reconhece, Saddam não observou as leis internacionais, em 1980, quando invadiu aquele país. Saddam ignorou a Resolução 668 do Conselho de Segurança da ONU, que previa o desmantelamento dos programas de armas de destruição em massa, dos iraquianos.
8. Bush não se cansa de dizer que, com ou sem autorização da ONU, invadirá o Iraque.

9. Concordo com você, em parte, quando você diz que a deposição de Saddam Hussein deveria ter sido lograda desde 1991. E aproveito para indagar: por que os governos que antecederam ao de Bush não fizeram nada a respeito? De 1991 até os nossos dias, Saddam não oferecia perigo iminente ao mundo? De repente, Bush, classificado pelo amigo como de extrema inabilidade diplomática, descobre o que ninguém viu, e parte para a obsessiva missão de destruir o líder Iraquiano.


10. As supostas provas apresentadas pelo Secretário Powell, deveriam, no meu modo de ver, se fossem verdadeiras, serem apresentadas, em sigilo, aos inspetores da ONU. Desse modo, haveria a possibilidade de provar a má fé de Saddam e, quiçá, angariar apoio para o seu desiderato. Entretanto, tal como foi levada ao conhecimento do mundo, não passou de um marketing político, de estratégia duvidosa, que desmereceu a inteligência dos povos, colocando em evidência, o caráter obsessivo com que Bush vem tratando o assunto.


11. Quanto aos seus comentários sobre o sociólogo Emir Sader, em nada aproveita à elucidação dos fatos, posto que foge do campo das idéias, adentrando para o lado exclusivamente pessoal, que não merece ser levado em conta.



Finalmente, releva dizer, a título de conclusão, que minha posição não entra em detalhes sobre as motivações que ensejaram a possibilidade desta guerra. Nem se Saddam é pior ou melhor do que Bush. Nem se trata de ser contra o “império” vermelho e azul” do tio Sam. Como brasileiro, e vivendo neste planeta de caráter globalizante, preocupa-me as conseqüências de uma guerra desta natureza que, ao final, tal como as outras, nada trouxeram de benefícios para a humanidade, a não ser o enriquecimento de algumas pessoas, de alguns grupos econômicos.

Estou com o governo do meu país. As partes conflitantes devem encontrar solução pacífica para suas divergências. Pois a relação custo/benefício de qualquer guerra é, de longe, prejudicial à natureza, ao homem e à vida, como um todo. E não existe bem maior do que a vida. Abraços. Domingos.



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