Para combater o orgulho,
Pratiquemos o mergulho
Ao fundo da consciência.
É onde mora o egoísmo,
Sem qualquer idealismo,
A não ser a prepotência.
O orgulho gera a vaidade,
Que mantém a potestade
Sobre a mente do infeliz.
Qualquer coisa que se faça
Parece jóia sem jaça.;
São plantações sem raiz.
De tudo o tal desconfia.
Não permite que se ria,
Pensando ser só de si.
Mas, se alguém for mui sisudo,
De costume sempre mudo,
É ele, então, que se ri.
Tem p ra si que a liberdade
Vai de braço co a maldade:
A rédea mantém bem curta.
Nada espera do porvir.;
Sabe apenas que há de vir
Aquela que tudo furta.
Quando faz alguma cousa,
Corre p’ra escrever na lousa,
Chamando toda a atenção.;
Ou, então, mantém-se quieto,
Sabendo que ser discreto
É ter grande o coração.
A modéstia é falsidade.;
O pudor, grandiosidade.;
A virtude é só vitrina.
O sofrimento é bem pouco:
Quem se desespera é louco.;
Quem é “bom” faz sua sina.
Passa reto pelo pobre.
Se doa, doa o que sobre,
Mas com ares de grandeza.
Deixa o rico estarrecido,
Demonstrando-se ofendido,
Ao recusar sua mesa.
Eis alguns pontos reais,
Mas existem outros mais
A revelar o orgulhoso.
Saibamos os evangelhos
Para, quando formos velhos,
Termos poder sobre o gozo.
Em todas as atitudes,
Evidenciemos virtudes,
Porém, de forma exemplar.
É com sincera modéstia
Que curamos a moléstia
Que nos quer prejudicar.
Oremos com contrição,
Pedindo ao Senhor perdão,
Por termos mal empregado
O tempo, nesse atropelo
Das dores-de-cotovelo,
Deixando os irmãos de lado.
Abaixemos a cabeça
E que jamais nos faleça
A vontade de crescer.
Façamos o sacrifício
De eliminar todo vício,
Pois tal é nosso dever.
Quem quer ir ao paraíso
Há de entender que o juízo
Precisa de perfeição.
É bem tolo quem suspeita
Que o ser superior respeita
Qualquer sombra de ilusão.
É preciso seriedade,
Altivez com hombridade,
Perante todos os males.
Mas, diante do Senhor,
Que sintamos o tremor
Dos terremotos nos vales.
Ao sentir felicidade,
Será com toda a humildade
Que vamos agradecer,
Reconhecendo as fraquezas
Que viraram fortalezas,
Por Deus nos ter bem-querer.
Estranha o nosso amiguinho
Que sigamos no caminho
A ditar-lhe estes versos,
E em nenhuma estrofe acima,
Aproveitamos a rima
Que faz de nós mais perversos.
Por falta de nossa marca,
Já o escrevente não arca
Co a responsabilidade.
Eis aí um bom gracejo,
Feito sem muito traquejo:
Falta-nos habilidade.
Quer este nosso escrevente
Que seja mais diligente
O que vem p ra poetar.
Quando existe mais demora,
Parece que a alma chora,
Temendo desanimar.
Mas, p ra sua segurança,
Seu coração não se cansa
De pôr fé nestes escritos.
Há que se ter persistência
E mais ainda paciência,
Para os versos mais bonitos.
Sendo assim, se tranqüilize.
Mesmo havendo algum deslize,
Somos simples como as flores
Que nascem pelos caminhos,
Muitas delas com espinhos:
Ninguém avança sem dores.
Para terminar o dia,
Coroando esta poesia,
Vamos orar com amor,
Agradecendo o trabalho,
Solicitando agasalho
A Deus—Pai, Nosso Senhor.
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