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Artigos-->Material Descartável Nas eleições -- 03/06/2002 - 17:06 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Material Descartável Nas Eleições

(por Domingos Oliveira Medeiros)





Dizem, e com muita firmeza, as donas de casa, as nutricionistas, os economistas e outros entendidos nas questões referentes ao consumo de produtos alimentícios, que devemos, sempre, optar pelas frutas e pelos legumes de época. Concordo, plenamente; este é o meio mais seguro de unirmos dois fatores importantes: qualidade e preço; fatores que, em última análise, acabam exercendo influências positivas, tanto a saúde física e mental dos indivíduos, como na “saúde” do nosso bolso. Vale dizer, o nosso bolso que, a cada dia, fica mais vazio.



Com efeito, nos dias de hoje, ninguém, a rigor, pode se dar ao luxo de desperdiçar recursos de qualquer natureza. Seja de ordem financeira (o dinheiro, propriamente dito), seja no que tange à qualidade dos produtos e sua inegável relação com outro bem mais precioso que é a nossa própria saúde.



Surge, desse modo, a necessidade imperiosa de sermos criteriosos na seleção daquilo que se nos afigura melhor para o atendimento de nossas necessidades. Necessidades que não se resumem, apenas, na questão da alimentação. E justamente por isso precisamos ter em mente a idéia de que é necessário adotarmos critérios mais seletivos para nosso ideal de consumo.



A escolha do parceiro ou parceira, por exemplo, que irá viver para o resto da vida dividindo a mesma cama, a mesma mesa, as mesmas alegrias e as mesmas tristeza, é apenas um bom exemplo. A escolha da profissão que iremos abraçar, é outro. A seleção de amigos, de músicas, de leituras, de clubes, de lugares onde iremos gozar nossas férias, os hotéis, bares e restaurantes que iremos freqüentar, as nossas roupas e os calçados que iremos usar, e assim por diante. Toda a nossa vida, na verdade, está sujeita a critérios de seleção. Desta seleção dependerá, em grande parte, o nosso sucesso ou insucesso, a nossa satisfação ou insatisfação pessoal, a nossa própria sorte..



Estamos vivenciando mais uma Copa do Mundo. E a palavra de ordem, como não poderia deixar de ser, é seleção. No caso, a nossa seleção de futebol. Acreditamos que a equipe deva ter sido objeto de criteriosa seleção. Foram escolhidos, tudo indica, os melhores jogadores, do ponto de vista técnico e físico. Em tese, todos eles compõem o time escolhido pelo nosso técnico Felipão. Assim esperamos.



Mas a palavra de ordem, a seleção, também não se esgota na Copa do Mundo. Aqui no Brasil, pelo menos, ela está às voltas com outro evento importante. As eleições. Evento que, mais do que qualquer outro, pela sua importância, depende de rigorosos critérios seletivos. Por isso elas já tomam conta dos jornais, revistas, televisões, lares, bares e esquinas do nosso Brasil.



E as eleições começam, exatamente, pela escolha dos candidatos, no âmbito de cada partido a que são filiados. Alguns partidos até já definiram seus concorrentes. Principalmente os que almejam à presidência da República. Outros, ainda relutam na escolha do vice que irá compor a chapa concorrente. Só depois deste processo é que os candidatos ficarão expostos à apreciação e escolha do eleitorado. Mais uma vez, estamos diante dos critérios seletivos. Particularmente, nesta eleição, ainda subsiste a escolha de apoios por conta das coligações partidárias.



Por conta disso, passei a refletir sobre as próximas eleições. Pelo que elas representam. Pela sua importância. Estamos diante de um processo de escolha que irá dificultar ou facilitar as demais escolhas que teremos que fazer no futuro. Mais precisamente a partir do próximo ano. Escolhas que irão, em grande parte, decidir o sucesso ou o insucesso que possamos alcançar.



E fico a indagar: será que os partidos escolheram os melhores candidatos? Será que esses candidatos escolheram os melhores programas de governo? Qual deles teria o melhor programa? Quem reuniria as melhores condições para governar o país? O povo brasileiro estaria, efetivamente, bem informado e preparado para votar e fazer a sua melhor escolha? Será que a imprensa escolheu a melhor maneira de informar e divulgar as campanhas eleitorais? Será que não estaria havendo interesses outros, por parte da mídia, atrapalhando, confundindo, omitindo, caluniando, favorecendo ou desvirtuando informações?



Confesso minha sensação de desconfiança. Parece que estão vendendo gato por lebre. De que estou diante de um imenso lixão. Procurando alguma coisa que ainda possa ser útil. Mas no lixão não há coisas novas. E poucas são aproveitáveis. Recicláveis. É assim que vejo o quadro eleitoral. Não se vislumbram grandes achados.. Novos craques. Tal como na seleção de futebol. Continuamos reutilizando jogadores. Bastante conhecidos e desgastados. Jogando um futebol que dá para o gasto. Mas não apaixona.



Dependemos, diante das opções que nos foram colocadas, de uma rigorosa escolha. A começar pelo técnico. Quem deverá ter o melhor programa tático. A melhor estratégia de ação. Para melhor conduzir os destinos desta pátria. Técnico que deverá ter condições para ganhar todos os jogos das adversidades. A partir da escolha dos melhores auxiliares. Os melhores jogadores de que possa dispor. Jogadores de comprovado condicionamento físico. Bem preparados e motivados. Responsáveis. Capazes de ganhar o jogo contra a inércia e a desilusão. Fazendo gols em nome do crescimento e do progresso. Do desenvolvimento sustentado. Da justiça social.



Tal como encontramos no lixão, nossos candidatos, de modo geral, não são novinhos em folha. Já foram usados em outras ocasiões. O discurso é muito semelhante. Estamos diante de um lixo típico de todas as classes sociais. Isto significa dizer que temos um lixo que se aproveita muito pouco, ou quase nada. E alguma parte descartável, que poderá ser reciclada e apresentar um razoável grau de aproveitamento.



É dentro deste lixo reciclável que deveremos fazer nossas escolhas. Será preciso um grande esforço do eleitorado. Comparável à genialidade e a criatividade de um carnavalesco da lavra do Joãozinho Trinta. Para conseguir transformar o lixo num verdadeiro festival de luxo e beleza. E, desse modo, contribuir para dar luz e graça aos desfiles das escolas de samba, restabelecendo a confiança e a esperança do povo brasileiro, que, atualmente, anda cansado de assistir o desfile de passistas e de eleger a escola de sua preferência, prá tudo se acabar na quarta-feira.



Domingos Oliveira Medeiros

03 de junho de 2002

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