Inda me lembro de ti, quando menina,
Passando, pela mais próxima esquina,
A caminho do colégio.
Ias faceira, no teu belo uniforme,
Que usavas com um orgulho enorme,
Um porte régio.
Indiferente, sempre, a todos os olhares
Que te seguiam, assíduos, regulares.
Tu fazias parecer que nem sabias
Que chamavas a atenção, por onde ias,
De tantos olhos.
E então, no limiar da tua adolescência,
Já causavas, com teu ar de inocência,
Tantos abrolhos
A muitos jovens que, por ti apaixonados,
Imaginavam-se sendo teus namorados.
Alguns desses, os de mais loquazes tendências,
Ao ver-te, entre si trocavam confidências –
- Eram amigos.
Elaboravam os planos mais mirabolantes,
Tentando, de ti, aproximar-se o quanto antes,
Tal qual mendigos,
A esmolar um pouco da tua atenção,
Tão jovens, já escravos da paixão.
Mas veio a vida e separou-nos todos
E assumimos nós os mais diversos modos
De viver - Oh! sina.
E quase certo é que não são tantos
Os que ainda se recordam dos encantos
Da menina –
- Inocente causadora de paixões
Que se apoderavam de muitos corações.
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