O apartamento era uma barra. Resumia-me ao caminhar da sala ao banheiro e da volta ao sofá. E tome TV. Bem, na época eu trabalhava, e somente sentia a clausura quando nos fins de semana. Caramba, como as mulheres aqui de casa suportaram? Hoje não! Finalmente pude oferecer-lhes um pouco mais de espaço e razoável conforto.
Sentado à varanda, contemplo o então projeto de jardim e percebo toda a manifestação da natureza.
Puxa! Quanto tempo deixei de observar a vida, o céu, as estrelas e mais necessariamente os insetos. Obviamente, no apartamento não havia borboletas, libélulas, lavadeiras, formigões e as abelhas em seu importante trabalho junto a natureza . Mas detesto os marimbondos!
Uma borboleta neste momento sobrevoou minhas albinas e roseiras pousando aqui e acolá.
Observo. A tudo admiro com um tanto de orgulho. Eis a minha pequena variedade da flora.
Agora a borboleta resolve se aproximar. Pousa em um arbusto, alça vóo, passa pela varanda e lá se vai rua afora.
E também temos um cachorro. A confusão é que fico a pensar sobre quem adotou quem. Faz parte da família e vive zanzando atrás de mim. Curioso como é, fica a me observar, como agora, quando também nada estou fazendo.
Enquanto isso torna-se ferrenha a conversa entre minhas filhas.
A borboleta volta, parece que o assunto também lhe interessa.
Ah! sim, o assunto são as comparações entre algumas famosas e fogosas dançarinas. Comentam que uma tem um corpo assim, a outra assado, que uma não canta, e a outra menos ainda.
É domingo! O almoço não está pronto.