Muitos há que tentam definir o amor,
Traçar-lhe todos os contornos, como a pôr
Termo ao assunto.
Pobres mentes insanas, tresloucadas,
Que se arriscam entre tantas ciladas,
A todo sunto.
Mas, do amor, quem fala é o coração
E somente ele o faz com precisão.
Perdem intermináveis horas a falar,
Esquecendo-se, até mesmo, de amar...
Quanta desdita!
No propósito incoerente de exprimir
Do amor, a própria razão de existir -
Gente aflita -
Em vez de colocar, como é direito,
O amor em seu lugar (dentro do peito).
A lograr tal intento, far-se-ia necessário
Fora cada um deles um ser extraordinário,
Um luminar.
Que pudesse dizer, textualmente,
As coisas todas que quem ama sente,
Sem errar.
E volto a afirmar, certo de ter razão,
Do amor, quem fala é o coração.
Hão que ter, tais pessoas, a humildade
De, por uma vez, admitir a realidade,
Sendo sensatas,
De que as razões de amar, se existirem,
Fogem ao alcance de tantos que as perquirem,
São inexatas.
E finalmente dar, à palmatória, a mão:
Do amor, quem fala é o coração.
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