O FEMINICÍDIO
João Ferreira Jan Muá
8 de março de 2024
No dia 8 de março celebra-se o dia da Mulher. E com ele, as modernas e festejadas conquistas femininas numa pauta de algumas definidas reivindicações. Paulatinamente, a Mulher foi conquistando sua autonomia em relação ao homem e se constituindo autônoma com capacidade pessoal e jurídica para tomar suas decisões sobre questões essenciais que mais lhe importam na sua vida biológica e social, mormente em relação ao aborto, separação, divórcio, e outras, que lhe causam dissabores e tristes confrontos com seus namorados, companheiros e ex-companheiros. Toda esta luta da Mulher em direção à autonomia é um desafio ainda perigoso que envolve muitos riscos incluindo a morte. Mas ela vai em frente. A maior de todas as ameaças no presente momento, pelo radicalismo extremo que envolve, está no escuro, irracional e ignóbil delito do feminicídio que cria profunda preocupação na vida de muitas mulheres. A mídia apresenta estatísticas altas, tanto a nível nacional como estadual sobre o feminicídio no Brasil. O que fica dessas estatísticas reais, além da violência extrema inerente ao próprio feminicídio, é a mancha civilizatória que denuncia o atraso mental e emocional dos algozes que encontram no recurso ao assassinato a razão fundamental para sua vingança criminosa.
O feminicídio é um primitivismo puro e situa-se na lógica dos instintos contrariados. Mata-se uma mulher, que é fêmea por seu corpo, mas que é pessoa com alma e espírito que lhe conferem níveis superiores de inteligência e emoção. Homem e mulher participam desta dualidade. A dualidade tem de ser superada pela educação e pela compreensão inteligente do ser humano que nasce como ser primitivo, mas que pode e deve crescer no desenvolvimento de sua inteligência para ser elemento positivo de evolução da sociedade. A mulher é uma fêmea como corpo mas é um ser humano com características e valores próprios, que lhe conferem direitos humanos cívicos e autonomia.
Mata-se uma mulher porque ela quer ser independente, porque ela quer sua vida e seu corpo sob seu domínio e sob seu controle e porque não admite junto dela pessoas que querem ser proprietárias do que é genuinamente seu.
Este é o núcleo conceitual e social do feminicídio, um fenômeno masculino e machista que mostra o lado sinistro de muitos homens dominados pela sede de vingança em sua trajetória de frustração diante de uma relação afetiva e sexual fracassada.
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