FORMAS IMPRECISAS

Jan Muá

9 de fevereiro de 2024

Olhando de minha janela "o quase escuro" que se oferecia a meus olhos nesta tarde de sexta-feira, entre chuva e vento, me convenci estar diante de alguns "conjuntos imprecisos" que abordavam minha retina. No fundo, quase me convenci que tinha diante de  olhos um "quadro ideal para dar ou receber uma lição de escolástica medieval", no caso de partir da "noção de impreciso". O que tinha diante dos olhos eram as coisas traduzidas em potentia (potência ou o que pode ser mas ainda não é) e actus (o ato ou a coisa em sua forma atual e real). Ou, em sua constituição de  matéria e forma, realizando um conjunto hilemórfico que noutros tempos desafiou as melhores inteligências medievais, desde Abelardo até Duns Escoto e Guilherme Ockham. No momento, limitei-me a olhar e a pensar fantasiando, como sói acontecer sempre que nos encontramos diante de quadros raros, que aparecem quando os elementos da natureza se agregam ou se decompõem de forma surpreendente e nos tiram da frente dos olhos as formas habituais com as quais convivemos no quotidiano. Existem na verdade os conjuntos imprecisos e existindo os conjuntos imprecisos existem as formas imprecisas. São aquelas que em suas formas aparentes se apresentam diante dos olhos sem determinação. São potencialidades,  candidatas a formas ou a atos, mas ainda não são formas definidas. Não sendo formas definidas nem determinadas entram na categoria das formas imprecisas. O que torna esta crônica interessante é que foi a tarde chuvosa e tempetuosa desta sexta-feira em Brasília que me deu este visual  de formas imprecisas localizadas num longínquo agregado decopas de frondosas árvores. Sinal de que os escritores, poetas e filósofos também ficam espreitando as formas da natureza com características de formas imprecisas.