Liberdade, Igualdade e Fraternidade. As três ondas que escorriam pelo rio Sena, em Paris, por ocasião das comemorações do dia primeiro de maio, movimentadas por milhares de franceses, assustavam os franceses. De um lado, Jean-Marie Le Pen , da Frente Nacional, politicamente classificado como ultradireitista, sendo aclamado por uma multidão de 10 mil eleitores.. Na margem esquerda, segundo os jornais, oitenta multidões iguais a de Le Pen, isto é, cerca de 800 mil cidadãos, entre eleitores de esquerda, de centro e simpatizantes de Jacques Chirac protestavam contra a vitória nas urnas, de Le Pen, que disputará, em segundo turno, a presidência da França com o direitista Jacques Chirac. As eleições, ao que me consta, foram livres e sem fraudes. A liberdade foi assegurada. A igualdade, do mesmo modo. Os partidos indicaram seus candidatos, promoveram debates, disseram a que vinham e povo, de forma fraterna, escolheu os vencedores para o segundo turno. Ruim sem a esquerda, pior sem ela, tudo bem. Mas pior ainda, são os protestos. Intempestivos e inadequados. Estas oitocentas mil pessoas deveriam ter protestado muito antes da abertura das urnas. Agora, depois da porta aberta, por eles mesmos, correm atrás de um chaveiro para trocar o segredo e impedir que o legítimo eleito possa concorrer com liberdade, num clima de fraternidade, e em igualdade de condições com o seu concorrente, à presidÊncia da França.. Que vença o melhor, na opinião da maioria. Esta é a regra do jogo. Ainda que não agrade a todos. Ou tudo não passará de brincadeirinha de criança. Se eu ganhar, tudo bem, o jogo prossegue. Se não, viro a mesa?
Domingos Oliveira Medeiros
02 de maio de 2002
|