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Artigos-->SEIS DÉCADAS DA IRMANDADE PELOTAS-SUZU -- 22/01/2024 - 13:41 (LUIZ CARLOS LESSA VINHOLES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

SEIS DÉCADAS DA IRMANDADE PELOTAS E SUZU

 

L. C. Vinholes

22.01.2024

 

Nota: Para comemorar os sessenta anos da concretização do elo de fraternidade entre Pelotas, no Rio Grande do Sul, e Suzu, no Leste da Península de Noto, no Japão, o Diário Popular de Pelotas, principal órgão da imprensa gaúcha com penetração na Região Sul do Estado, decidiu lançar um número especial da sua revista, com informações do histórico desse relacionamento, com dados sobre os principais fatos, com as notícias impactantes e fotos a respeito desta singular efeméride.

 

Os trágicos acontecimentos do terrível terremoto que atingiu a Península de Noto ocorrido às 3h45m do dia 4 de maio de 2024, que arrasou a maior parte das habitações de setor urbano de Suzu, que resultou na irreparável perda de vidas, de recursos e de bens, assim como em grave sofrimento e imensa tristeza, não só em Suzu, mas também para a fraternidade pelotense, a meu ver, justifica que se recorde e que se volte a divulgar o que, em seis décadas, de positivo foi realizado no intercâmbio intenso entre as primeiras cidades irmãs do Brasil e do Japão e que, de maneira abrangente, está documentado na Revista do Diário Popular que, com a devida vênia e os devidos créditos ao jornalista José Ricardo Castro, embora sem as ilustrações, se reproduz e se divulga nos parágrafos seguintes o que consta da coluna Espeto, em revista.

 

Uma história de seis décadas

 

A distância geográfica não impediu que uma ideia que passou a ser sonho, viesse a tornar-se realidade. A cidade de Pelotas, no sul do Brasil, e Suzu, no norte do Japão, oficializaram sua irmandade após três anos de troca de correspondência entre as duas prefeituras.

 

O idealizador desta então inédita situação para Pelotas, foi Luiz Carlos Lessa Vinholes, pelotense de nascimento e, à época, trabalhando na Embaixada do Brasil, em Tokyo, como Oficial de Chancelaria.

 

Seis décadas após, apesar de reduzidos, os contatos são mantidos e os vínculos são realizados, com ênfase nas questões culturais. Os documentos oficiais que comprovam a irmandade, estão nas respectivas Prefeituras, e Câmaras Municipais.

 

Em Pelotas há a atuação do Clube de Correspondência Amigos, vinculado ao Colégio Municipal Pelotense e idealizado pela professora Therezinha de Jesus Malmann Louzada; no Centro de Artes; e no Curso de Relações Internacionais, documentos e outras atividades, sem esquecer a Associação Nipo-Brasileira de Pelotas.

 

Conversas e cartas sacramentam a irmandade.

 

Em 27 de julho de 1962, em jantar oferecido pela prefeitura de Suzu, Luiz Carlos Lessa Vinholes, lembra a passagem do sesquicentenário de Pelotas e sugere que as duas cidades se tornem cidades irmãs. O vereador Yoneda chefe dos Serviços do Departamento de Agricultura da Região da Península de Noto e o vice-prefeito Saburo Kawahara, apoiaram a ideia e prometeram seus apoios pela concretização.

 

O passo seguinte foi dado em 7 de novembro com o então prefeito de Pelotas, João Carlos Gastal. Vinholes envia correspondência apresentando a ideia. Em 1º de dezembro responde: “Este executivo encarrou com toda a simpatia a ideia de tornar Pelotas e Suzu cidades-irmãs”. Chega o ano de 1963. Em 21 de fevereiro, nova carta endereçada ao prefeito João Carlos Gastal. O Ministro Conselheiro da Embaixada do Brasil em Tokyo, Wladimir Murtinho, informa acompanhar “com enorme interesse” a iniciativa. Recomendou, “estabelecer, finalmente, a troca de cartas oficializando a vinculação entre as duas cidades”, colocando a Embaixada à disposição para trâmites necessários.

 

A primeira carta partiu de Pelotas, em 3 de abril de 1963. Através do Ofício nº 345/63 HC/VPO,r Gastal manifesta ao prefeito de Suzu, Riichiro Okamura, o desejo de ver aprovada pelas respectivas Câmaras Municipais, a irmandade entre as duas cidades.

 

A provação pela Câmara de Pelotas, em 28 de julho, aprova, por unanimidade o elo e fraternidade entre Pelotas e Suzu que se tornaram as primeiras cidades-irmãs entre o Brasil e o Japão. Documentado, também, no Ofício nº 1074/63, do Legislativo.

 

No 1° de agosto, dois ofícios da Prefeitura de Pelotas são enviados ao Japão.  O de nº 818/63, ao Encarregado de Negócios do Brasil em Tokyo e o de nº 819/63, ao prefeito de Suzu, Riichiro Okamura, comunicando a decisão da Câmara o elo de fraternidade entre as duas cidades. Em Assembleia Ordinária, foi aprovado o Projeto nº 98, sacramentando a irmandade.

 

Chega na Prefeitura de Pelotas, em 15 de outubro, correspondência do prefeito Riichiro Okamura ao prefeito João Carlos Gastal, informando a aprovação da Câmara de Suzu. Com teor semelhante, em 9 de novembro, é recebida carta do embaixador do Brasil em Tokyo, Décio de Moura, comunicando a aprovação do projeto das cidades-irmãs.

 

Em 31 de dezembro de 1963, o prefeito João Carlos Gastal envia ao prefeito de Suzu o Ofício nº 1273/63 HC ZMVS. Acusa o recebimento do documento que formaliza a irmandade e comunica que em 1º de janeiro de 1964, tomaria posse o novo prefeito de Pelotas Edmar Fetter. Afirma Gastal “... que procurará solidificar esta aproximação entre as nossas cidades e que a ambas será altamente benéfica”.

 

Nasce o Clube de Correspondência Amigos.

 

Um novo marco na irmandade foi cravado nos primeiros meses de 1964, ainda que de forma incipiente. Era o início da troca de correspondência entre os membros do Clube de Correspondência Amigos, vinculado ao Colégio Pelotense, e alunos das escolas de Suzu, principalmente da Escola Midorigaoka, liderados pelas professoras Therezinha de Jesus Malmann Louzada e Akiko Naka.  O Clube teve seu funcionamento a pleno entre os anos 1971 e 1984 sempre com a coordenação da professora Therezinha Louzada. As correspondências eram escritas em inglês e as traduções em feitas em cada país.

 

Hoje o material do Clube está sob a guarda Museu do Colégio Municipal Pelotense, na Sala Luiz Curi Hallal, e com coordenação do professor João Nei Pereira das Neves e integral apoio da diretora geral Maria Graciane Pereira. O acervo é histórico e está em processo de higienização e catalogação. Suas peças foram doadas por Luiz Carlos Lessa Vinholes.

 

Dele fazem parte peças interessantes, como revistas, boletins informativos, objetos de decoração e integrantes dos usos e costumes da cultura nipônica. Há uma reportagem publicada no Diário Popular, com data de 8 de abril de 1973 e título Um Clube para aprender e também fazer amigos. Matéria assinada pela jornalista Maria Clara Michels e fotos de Luiz Barros.

 

Uma peça que chama a atenção, é uma máscara. Ela foi doada por Vinholes ao Museu em julho de 2013. Feita em gesso com predominância da cor verde, é usada na dança Kagura, nos templos xintoístas. Possui um selo em papel citando o Templo Xintoísta Kasuga, na Província e cidade de Nara, primeira capital do Japão.

 

Kagura é uma dança de caráter religioso, que se realiza para tranquilizar os espíritos na hora da partida. Kasuga é um dos três templos mais importantes do xintoísmo, ao lado do Templo de Meiji, em Tokyo, e do Templo de Ise, na Província de Mie.

 

Música, visitas e negócios

 

Muitos são os fatos que ligam Pelotas e Suzu. Ao longo de seis décadas, o intercâmbio teve períodos mais fortes e outros de menor comunicação. Os primeiros são em 1962, passando por 1985 e 1986.

 

Em abril de 1962, Luiz Carlos Lessa Vinholes compõe a música para o hino da Escola Primária Ohtami, em Suzu, onde faz leve referência à música brasileira mediante sincopado. Atendeu pedido feito pelo pintor Gagyu Ueda. A letra é de autoria do poeta Iwamoto Shuzo. A sua primeira execução foi em 5 de abril daquele ano.

 

Entre os dias 20 e 23 de outubro de 1966, visita Pelotas o vice-prefeito de Suzu, Saburo Kawahara. É recebido pelo prefeito Edmar Fetter e, em sua homenagem, o Jóquei Clube, denomina com seu nome, o principal páreo da semana.

 

Passados 24 anos, Pelotas recebe as visitas do prefeito de Suzu, Mikindo Hayashi e do presidente da Câmara Municipal, Honji Takase. Em dois dias, 16 e 17 de outubro, cumpriram extensa agenda, sendo recebidos pelo prefeito José Maria Carvalho da Silva.

 

Nos compromissos, visita ao Colégio Municipal Pelotense, onde assinaram livro e conheceram o Clube de Correspondência Amigos, encontro com membros da Associação Nipo-Brasileira e Embrapa, onde foram recebidos pelo Chefe Administrativo, Firmino Idílio Ferreira e pelo pesquisador Bonifácio Nakasu.

 

Em 1992, o empresário do setor orizícola, Érico Ribeiro, vai ao Japão e, em nome do prefeito José Anselmo Rodrigues, entrega ao prefeito Mikindo Hayashi, correspondência e o Brasão de Pelotas.

 

Em novembro do mesmo ano, começam as tratativas sobre uma visita a Pelotas de uma delegação de estudantes e professores de Suzu, o que ocorreu entre 18 e 26 de dezembro. Realizaram uma mostra fotográfica de Suzu no saguão da prefeitura.

 

Pelotas teve uma enchente em 1965. Uma campanha foi feita entre os moradores de Suzu, sendo arrecadados, à época, 150.000 yenes para auxílio aos flagelados.

 

Na agricultura, em agosto de 1965, é publicado no jornal Hokoriku Shinbun, de Kanasawa, onde informa que na Fazenda Experimental do Departamento da Escola Superior Iida de Suzu, foi cultivado com êxito, pela primeira vez no Japão, o feijão preto brasileiro. Recebeu o nome de Pero Mame, pero fazendo relação com Pelotas e mame, feijão em japonês. Para Pelotas vieram sementes da variedade Daizo.

 

Em novembro de 1994, chegam de Suzu 100 mudas de cerejeiras e outras 100 de camélias, para o planejado futuro Jardim de Suzu, entregues à Embrapa para os primeiros cuidados. Seis mudas de cada uma foram plantadas no domingo, dia 17 de setembro, no local e elas destinado.

 

Outra visita se realiza em maio de 1995. Chegam a Pelotas o vice-prefeito Ryoko Tabata, o chefe do Setor Administrativo, Osamu Keizo e presidente da Câmara. Foram recebidos pelo prefeito Irajá Rodrigues e fizeram plantio de uma cerejeira e de uma camélia, na ilha existente no Terminal Rodoviário.

 

Já 1996, um projeto mais ousado. A instalação em área da UFPel e Embrapa, em Capão do Leão, de um projeto-piloto de uma destilaria de saquê, a partir do arroz. A missão japonesa chega em 17 de julho, integrada por Koen Morooka, superintendente das Escolas de Suzu, Naohiko Noguchi, presidente da Federação de Destilarias de Saquê de Noto, Shoichi Tenpo e Ryozo Michitaka, co-vices-presidentes da mesma Federação.

 

Reitor da UFPel, Antônio César Borges, viajou para Suzu em 1997, tratando de intercâmbios universitários e do projeto de destilaria, que acabou não sendo concretizado a pleno professores e técnicos da UFPel viajaram para Suzu a fim de conhecer as indústrias de saquê lá existentes.

 

No mesmo ano, visitam Suzu Ligia e Rubens Blank. Em visita de confraternização, entregam mensagens do prefeito José Anselmo Rodrigues e da reitora Inguelore Scheunemann.

 

 

 

Comentarios

Maria do Carmo Maciel Di Primio  - 26/01/2024

Foi uma brilhante iniciativa do Prof. Vinholes !!!

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