será que desistes de mim,
depois de tantas fugas, recusas, desculpas?
peguei-me preocupada, sentada na varanda,
olhando a mesma lua dourada que quase,
por um fio, me atirou nos teus braços.
ah, pequeno, esse teu olho comprido,
que me investiga, me chama,
me dá nos nervos!
sempre que te vejo, fico arreliada,
quero tomar vinho.
combina com teu canto, as notas do violão e sempre, sempre,
a inquietação que me vai nas mãos.
não sei onde deitar os olhos.
agora, me digas: que fazes comigo?
o que queres, esperas?
o que julgas que seria, nós dois?
tive sorte que não chegastes tão perto.
esperas um sinal que nunca vem.
nem palavras te dou, só meus olhos
e essa aflição no ar, que sentimos,
que ronda, espreita, pronta pro bote.
é uma conspiração de estrelas,
notas musicais, perfumes,
que acaba por se esvair num abismo de tempo.
muito esse tempo que nos separa e me segura,
intimida... um beco sem saída.
eu, imóvel, presa no laço.
tu, bote armado,
esperando o movimento
que te permita o ataque.
ou serias tu a vítima?
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