O Preconceito Virtual e o Poder de Decisão
Não sei se sou o único, nem sei o motivo de ser assim mas, acredito que existam outras pessoas que também o sejam. Aliás, preciso acreditar nisto para me considerar normal. Em suma, sou daquelas pessoas que já se acostumou ao barulho que o rádio faz, que já se acostumou à pre-sença da telinha da TV e à marca que deixam em nossas casas. Assim, logo pela manhã, um deles já está ligado e, desta feita, foi na TV.
No Tele Jornal
Num telejornal matutino, uma reportagem mostra o avanço dos computadores em nosso meio, ou seria a invasão dos computadores em nosso dia-a-dia? Bem, qualquer que seja a expressão cor-reta, trata sobre como os computadores passaram a fazer parte de nossas vidas. Se bem que isto já ocorre há muitos anos, só que não percebemos. Hoje, porém, em quase tudo o computa-dor está envolvido, até mesmo neste instante, uso o computador para fazer este comentário.
Voltemos à reportagem. O repórter comenta sobre as facilidades que ora são encontradas para se adquirir computadores. Lojas especializadas já não são uma necessidade. Até mesmo nos supermercados as benditas maquinas já podem ser encontradas, nas lojas de departamentos, nos shoppings, em pequenas lojas e papelarias de bairros e se assim continuar, daqui a pouco teremos computadores no bar da esquina. Claro que a última frase não é parte da reportagem.
Logo a seguir foi apresentado um auxiliar de escritório que, em sua profissão, passa todo um dia de trabalho andando de um lado para o outro, de um banco para o outro e por aí afora mas, quando chega à noite, no sossego do seu lar, senta em frente ao seu computador, adquirido em suaves e longas prestações mensais, esquece-se de tudo e viaja pelo mundo virtual, navega pela INTERNET.
A viagem
Foi em uma dessas viagens que estabeleceu contato com um morador do bairro de Botafogo, Rio de Janeiro, coincidentemente o mesmo bairro em que mora. E, quando trocavam informações pessoais, o seu interlocutor faz a tradicional e esperada pergunta:
- Onde você mora?
- Eu moro no morro Dona Marta.
- Mas como no morro Dona Marta? Você tem telefone, computador e até mesmo INTERNET?!
-
A surpresa
Surpresa e decepção para o rapaz entrevistado. Fica estabelecido e conceituado então um novo tipo de atitude deprimente - o preconceito virtual - assim como foi dito por suas próprias palavras.
Mais uma vez estou em dúvida, não sei se sou a pessoa mais indicada para falar deste tipo de assunto mas, tanto quanto o rapaz, me senti indignado e acredito que todos nós, a partir de já, precisamos repensar a nossa visão do mundo que avança em uma velocidade assustadora. Pre-cisamos rever uma situação que mesmo contra a nossa capacidade de assimilar, está batendo em nossas portas. Pior, está batendo em nossas caras.
A consequência
A velocidade da informática é, consequentemente, a velocidade da informação que certamente deve ser acompanhada pela velocidade de decisão.
Esta, como toda decisão necessita ser precisa, exata. Por causa da velocidade, tem que ser imediata. Fica claro que a certeza da decisão depende da informação. Esta, por si só, prescinde da comunicação, que claramente deve ter velocidade para atender a estas necessidades.
Conclusão
Concluo que estamos carentes de decisões corretas, adequadas e principalmente, rápidas o su-ficiente para atender aquilo que a informática nos deu o poder de fazer melhor e mais rápido a informação, de modo a permitir e facilitar o poder de decidir.
Talvez seja assim um dos caminhos para um mundo melhor.
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