PECADO ORIGINAL
Elane Tomich
As doze chaves do enigma,
velho mapa do tesouro,
a arte da alquimia,
escondem-se em todo grão,
divisa entre o sim e o não
parindo o sol de antemão...
Escrito em letras de estrelas,
Coisas feias, coisas belas
de Deus, digital estigma,
do inferno marca em brasa,
que antes de ser arrasa
mais que todo humano ouro,
mais que as jóias de um tesouro.
Que a veia da carne não é via
fluida, morna ou fria
da lágrima da alegria,
da carne em espreita atônita
o amor, partícula atômica.
Explosão de igual beleza,
noutra maior natureza...
Inconfidente do medo
o céu explicita o segredo
nos instrumenta, dá o norte,
da morte que já foi viva,
do vivo que era morte.
E, por soberba ou medo
a gente se larga à sorte
sem participar da colheita,
da vida, a grande festa,
e faz-se triste desfeita
ao fantasma da história
que pega farrapos da morte
fantasiando a memória
linha viva e sem pontas,
perene acalanto de avós
verdades de faz de conta
que após, nunca viram pó.
Em cuidadosa espreita
cega e comtemplativa,
vida que se apaga em fresta
festa de luz que nos resta...
http://www.elanetomich.com.br
|