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Artigos-->A Ética do século XX -- 10/11/2023 - 11:02 (gisele leite) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

A Ética do século XX

The Ethics of the 20th Century

 

Resumo: A ética contemporânea resta muito marcada por motivações institucionais e legais, muito mais do que morais. De certo modo, a técnica, a ciência, representam um avanço e propiciam ligeira sensação de que basta estar disponível para justificar um uso.  Trata da capacidade do ser humano de fazer escolhas adequadas para conduzir a própria vida, no ambiente da social. Na ética contemporânea, destaca-se o existencialismo[1], onde o homem é responsável por suas próprias atitudes e sua felicidade e é ele quem produz sua própria existência.

Palavras-chave: Ética. Contemporâneo. Direito. Revoluções. Lacan. Interpretação.

Abstract: Contemporary ethics remains very marked by institutional and legal motivations, much more than moral ones. In a way, the technique, the science, represent a breakthrough and provide a slight sensation that it is enough to be available to justify a use. It deals with the ability of human beings to make appropriate choices to lead their own lives in the social environment. In contemporary ethics, existentialism stands out, where man is responsible for his own attitudes and happiness and he is the one who produces his own existence.

Keywords: Ethics. Contemporary. Right. Revolutions. Lacan. Interpretation.

 

Percebe-se que as mesmas condições de engajamento e de originalidade que estão presentes de forma geral, em outros campos do saber no século XX. Algumas categorias lacanianas vêm em auxílio ao seu diagnóstico do que ocorre. Assim como o século XIX foi o tempo do imaginário, ou das construções utópicas, esperava-se que o século seguinte fosse de sua realização que fosse, portanto, o século do real.

O século XX não poderia ser mais conviver com as velhas utopias. Essa paixão do real seria a chave para a compreensão de tudo o que ocorreu no século XX. E, fez o pensamento interromper a repetição. E, sua determinação subjetiva maior foi inventar uma nova realidade aqui e agora. E, cumprir o imperativo de instaurar novo começo e, enfim, apagar os velhos dias.

Os desenvolvimentos do marxismo e da psicanálise teriam sido exemplares para ilustrar o que ocorreu. Pois inicialmente, foram os marxistas que deram uma extraordinária importância à noção de ideologia para designar a potência de disfarce da falsa consciência em relação ao real.

A ideologia seria uma figura discursiva pela qual a violência das relações sociais era mascarada, uma montagem imaginária para manter a consciência separada da realidade da exploração, da opressão e da profunda desigualdade cínica. E, o conceito de ideologia cristalizava a certeza científica de que as representações e discursos deveriam ser lidos como meras máscaras de um real que eles denotavam e dissimulavam.

Observa-se inclusive que a psicanálise igualmente teria seguido caminho similar. E, Althusser fora o primeiro filósofo a abordar o conceito marxista de ideologia a partir do efeito imaginário, que Lacan atribuiu às formações do inconsciente para reconhecer a existência de um dispositivo sintomático em ação.

A representação seria um sintoma ou a localização subjetiva de um desconhecimento de um real a ser decifrado. E, sintoma é palavra que indica que há sobre essa potência de desconhecimento algo em comum entre o marxismo do século e a psicanálise. Lacan esclareceu que o “eu” é uma construção imaginária. E, o sistema real das pulsões só seria acessível ao ego por construções que promovem todo tipo de descentramentos e transformações.

Nesse sentido, a psicologia da consciência seria também espécie de ideologia pessoal, isso que Lacan chamou de mito individual do neurótico. Portanto, enxerga-se, que, em ambos os casos, o reconhecimento do real não seria imediatamente acessível. Contra o otimismo cognitivo do século XIX, que só conhecia a efetividade, foi necessário um certo tipo de engajamento para ensinar a reconhecer os mecanismos de disfarce em ação.

No entanto, o mesmo engajamento necessário ao desenvolvimento do marxismo e da psicanálise acabou provocando um desejo radical de depuração em várias situações ao longo do século XX. Havia na paixão do real uma busca pela verdadeira real, que comandava a ação de desmascarar suas cópias e de desacreditar as falses aparências. A consequência disso é que o século XX, tomado por essa paixão, foi, de todo modo, o século da destruição.

Foi o próprio Lacan reconhecia que a experiência do real é sempre em parte uma experiência do horror. Mas, o horizonte absoluto dessa paixão já havia sido antecipado muito antes de Hegel[2] em seu comentário sobre o terror revolucionário na Fenomenologia do Espírito. A depuração foi, no campo político, uma das grandes palavras de ordem do século XX.

Assim, o real alcançado jamais parecia ser suficiente para que não houvesse mais suspeição sobre as aparências. E, assim demonstra-se que todas as categorias políticas revolucionárias, tais como convicção, lealdade, virtude, posição de classe, obediência ao partido, zelo revolucionário são marcadas por esse tipo de suspeição.

Diante desse contexto, fazia-se necessário, a todo o momento, depurar os sujeitos que reclamam para si a categoria em questão. Parecia ser importante fazê-lo publicamente, segundo um cerimonial que se destinava a um ensinamento moralizante sobre as incertezas do real.

Recordando-se as palavras de ordem de Stalin eram: "O partido só se reforça ao se depurar". Em verdade, a violência depurava posta em ação por Stalin para exterminar uma parte importante do próprio establishment comunista no final dos anos 1930, como é sabido, é também uma forma de gozo e, nos leva novamente a questionar se essa seria a única experiência possível do real.

A grande versatilidade do século conheceu nas artes outro tipo de experiência. O pensamento como distância entre a aparência e o real, posto em ação pelo próprio semblant, teria sido um axioma da arte de vanguarda no século XX, deu-se forte empenho em se fazer ficção da própria potência da ficção. Mostrar a distância entre a facticidade e o real tornou-se questão protagonista da facticidade.

Por isso, o século XX propôs gestos artísticos que seriam anteriormente impossíveis, apresentando como arte o que antes não seria considerado mais que um mero dejeto. Em resumo, esse tipo de gesto artístico mostrava ser possível um arrombamento do semblant, por seu próprio uso.

No lugar de uma identidade de significação fechada constituída a partir de uma rede de significações, temos apenas uma identificação como um traço isolado do sintoma fora de seu contexto. O tratamento, portanto, não deveria pretender a desconstrução do caráter ideológico artificial para revelar a verdade.

O sujeito só precisaria perder o fascínio que tem em relação à significação de seu sintoma. Pode então se identificar com esse resto da fantasia que não é mais que um dejeto, um fragmento de real desprovido de sentido.

A descoberta de Lacan de que saber como lidar com o real é não ter a pretensão de ultrapassar a dimensão ideológica do semblant é acompanhada de duas outras conclusões. A primeira é a de que a perspectiva libertária implica também um gozo, colocando em dúvida se ela, efetivamente, jamais produzirá a destituição do sistema.

A pretensão de nos vermos livres das representações enganosas também colocada em xeque. Somos obrigados a operar com os semblants e é isso que faz com que sejamos, de certo modo, reféns da linguagem.

Conforme Bentham declarou, partiu-se do seguinte pressuposto: " a natureza colocou a humanidade sob o governo de dois senhores, a dor e o prazer, compete apenas a eles apontar o que devemos fazer, bem como determinar o que faremos. Mas, Bentham supunha não existir nada nessa nossa experiência de prazer e dor que não pudesse ser classificado e tabelado de forma a nos aprimorar. Propôs a metodização para classificar todos os crimes possíveis e suas punições correspondentes.

E, pretendia contabilizar todo o nosso comportamento, só não era capaz de contabilizar o gozo que se escondia sob o próprio princípio de utilidade como um desejo excessivo de domínio, um ideal de controle total para evitar qualquer desperdício.

Enquanto o direito regulamenta o gozar limitando-o às fronteiras do útil, o gozo ao qual Lacan se refere é indiferente a essa limitação. A noção de usufruto, no direito[3], seria responsável por estabelecer o modo como se pode usar um bem apenas até um certo ponto. Quando alguém tem usufruto de uma herança, por exemplo, ele pode gozar dela, desfrutar dela, com a condição de não a gastar demais. Já o gozo pulsional é aquele que não se deixa reduzir às leis do princípio do prazer e nem se limita à autoconservação[4].

E, quando Lacan passou a comentar o utilitarismo de Bentham, aborda a questão ética, sobre a teoria das ficções que ele, efetivamente, elogia. É como se Lacan encontrasse uma resposta ética em outro lugar, ou seja, num certo saber fazer com a linguagem.

O utilitarismo, afinal, não quer dizer outra coisa senão que as velhas palavras, as que já estão em serventia, é no para o que elas servem que é preciso pensar. Sabe-se para o quê elas servem, para que haja o devido gozo.

As palavras normalmente servem para que haja o devido gozo. E, isso nos coloca ao lado do gozo utilitário. Noutros termos, ao se identificar com a significação fechada que constitui o seu sintoma, o sujeito se submete ao gozo comandado pelo Outro.

Mas, Lacan cogita também de um gozo alternativo. O gozo que não se deveria, que não aquele do ser gozado ou jogado, ou ainda, de um outro gozo que não o fálico. E, nesse contexto surge o papel da teoria das ficções.

E, elogiou o utilitarismo[5] que serviria para arejar o significado das velhas palavras. E, isto permitiu um grande passo para descolar das velhas histórias de universais em que se estava engajado depois de Platão e Aristóteles.

Lacan então, descobriu, nesse momento, que o sintoma, apesar de produzir um gozo que não traz benefícios ao sujeito, também não pode ser inteiramente desfeito. Ele demonstrou que isso que nos acomete de um jeito ou de outro, esse gozo próprio do sintoma, gozo opaco, por excluir o sentido.

Agamben entende que os dispositivos midiáticos de massa atuam no sentido de preservar nossa atual sociedade de separação e, por que não dizer, de exclusão, em escala mundial. Em todos os tempos, o poder tentou se assegurar do controle da comunicação social[6], utilizando a linguagem como meio de propagar sua ideologia e conduzir à obediência voluntária.

Entretanto, atualmente, essa função instrumental deu lugar a procedimentos de controle diferentes, em que, nas situações de perigo e condições de exceção, os dispositivos do poder apropriam-se da linguagem, esvaziando-se de seu potencial profanador, para que ela se mantenha restrita à esfera do espetáculo.

Lacan não se esquivou do debate ético instituído pela tradição filosófica. O que permitiu a ele demonstrar o significado do gesto psicanalítico de Freud a partir dos parâmetros da filosofia foi realizar uma reavaliação de propostas éticas formuladas pela tradição.

Ao final, essa investigação levou Lacan a pensar a psicanálise como uma ética com consequências clínicas.

Lembremos que a ética é sempre relativa, porquanto muda com o tempo, muda de acordo com a cultura e com crenças de diferentes grupos sociais ou civilizações. Afinal, culturas diferentes têm códigos diferentes. Deve-se lembrar que a ética é aquilo que orienta a capacidade de o homem poder decidir e avaliar com autonomia. Para tanto, pressupõe a presença da liberdade.

Os princípios éticos levam em conta e respeitam a alteridade do outro, o que significa ver o outro como ele realmente é, não o alienar, não o ver como estranho. A alienação (aliens) ética é a negação do alter (outro), desconsiderar o outro enquanto pessoa.

Um exemplo que chegou até os meios de comunicação foi a experiência da pesquisa de psicologia social de Fernando Braga da Costa que analisou a profissão dos garis como “pessoas invisíveis[7]”. Depois de vestir o uniforme de gari e varrer as ruas da própria universidade, ninguém mais o reconheceu, nem seus colegas, nem seus professores. Conclusão: o uniforme torna as pessoas invisíveis.

A negação da alteridade do outro também pode ser encontrada no primeiro livro bíblico, o Gênesis. Na visão bíblica, Deus pergunta a Caim: “Onde está o teu irmão?” E Caim responde: “Por ventura serei eu o guardo do meu irmão?” Sendo assim, a ética é, antes de tudo, o reconhecimento do “outro” enquanto “outro”, não a sua negação.

A moral nos fará sempre nos perguntar: Posso ou não posso? Viver moralmente é agir de tal forma honesta, digna e justa, como se estivéssemos vivendo de forma invisível, como veremos agora, na história contada por Platão (1999) sobre o anel de Ginges[8], um bom exemplo do agir moral.

O anel de Giges é uma história contada por Platão na República para discutir se o homem agiria corretamente caso tivesse o poder de fazer maldade sem ser percebido. A narrativa de Platão permite concluir que mesmo uma pessoa virtuosa e justa, se tivesse em mãos o anel de Giges, agiria contrariamente à virtude e à justiça.

Historicamente, a moral apresenta três eras com características próprias. A primeira fase da moral, como vimos, é a era teológica da moral; a segunda é a moral moderna, chamada de laica moralista; e a terceira é chamada de pós-moralista.

Há, também, a fase da moral é chamada de “pós-moralista”. Essa nova moral rompeu drasticamente com a moral moderna do século XVII e XVIII. A moral pós-moralista exalta mais os desejos, o ego, a felicidade e o bem-estar individual do que o ideal de abnegação. De certa forma, ficou abandonada a moral do dever sacrifical, pois hoje o que importa é o sucesso pessoal, são os direitos dos indivíduos, e não os seus deveres.

O que impera hoje é o relativismo moral, sendo que cada um pode fazer o que bem entender: “Nada está errado”. O que importa é o bem-estar pessoal, numa realidade em que os “deveres” foram relativizados, vivendo-se uma moral mais de cunho emocional. O dever sacrificial não é mais exaltado na escola, nem nos livros, nem na esfera pública. Antes, a moral era austera e autoritária, vinda geralmente dos discursos disciplinadores do clero.

A moral no mundo contemporâneo é uma moral que rompe com o modelo harmônico dos gregos, medievais e modernos. Trata-se de uma tripla ruptura.

Quanto a essas rupturas, segundo a primeira, não se pode mais pensar à moda dos gregos, nem dos medievais, nem dos modernos. Por isso aceita a condição pós-moderna. A moral pós-moderna rompeu com a visão dos gregos do período clássico. Os gregos partiam da ideia do universo cósmico ordenado e finito. Todas as coisas teriam um lugar natural, com finalidades próprias.

A moral pós-moderna rompeu também com os medievais, que tinha seus fundamentos na crença em Deus e na instituição da Igreja. Deus era a salvação e esse ser transcendente respondia aos meus anseios.

No lugar do universo cósmico e organizado, segundo a compreensão grega, agora Deus criava e organizava tudo. O universo enquanto mundo pode não ser mais organizado, mas temos Deus que nos deu uma missão para que possamos nos encontrar na vida boa.

Por fim, a moral pós-moderna rompeu com a Modernidade – uma terceira ruptura. Nesse momento histórico o homem tomou o outro como referência, a vida em sociedade. Maquiavel, Bacon, Newton, Descartes e Locke são os fundadores do pensamento racional moderno na defesa dos direitos naturais dos cidadãos[9].

Leandro Karnal (2015) ilustra bem o egocentrismo e a ausência da prática de ouvir o outro. Se uma pessoa diz “Eu estou cansada”, a outra pessoa responde “Eu também”. “Eu acordei às 4 da manhã!”, o outro responde “Eu às 3”. “Estou com dor cabeça” ou “Estou com um tumor maligno”.

Ninguém escuta ninguém, e então esta é a sociedade do monólogo (KARNAL, 2015). Caso eu precise desabafar com alguém, então vou precisar investir uma boa dose de dinheiro para os analistas. Como a sociedade pós-moderna aboliu o confessionário das igrejas, agora se paga um psicólogo. Enquanto você fala, diz Karnal, o analista responde com uma exclamação bovina “Hummmm!!!” e diz “Fale mais sobre isso”.

Contemporaneamente, temos muito poucas e pequenas utopias à la carte, pessoais, particulares, singulares, sonhos de cada um: como combater a miséria, preservar o patrimônio histórico, proteger a infância, melhorar o mundo, mitigar sofrimentos e ajudar os desfavorecidos e, se possível preservar o meio ambiente.

Logo, na primeira metade do século XX, tivemos a Revolução Atômica que nos forneceu de um lado, a medicina nuclear e de outro lado, a bomba atômica[10]. Já a partir da segunda metade do século XX, com descrição da dupla hélice do DNA, iniciou-se, outra Revolução, a revolução molecular e genético cujo, apogeu chegou com a clonagem, a reprodução assistida, o uso de células-tronco, engenheira genética.

Depois de duas décadas depois da Revolução Molecular[11], com advento da nova Biologia, os riscos, de natureza ética, geraram, de certo modo, angústia em diversos setores científicos e sociais.

Deu-se uma crise angustiante no que se chamou a Bioética que surgiu como movimento ou uma preocupação pluralista, multi e transdisciplinar contra o eventual mau uso da Revolução Molecular.

Nas últimas quatro décadas, duas novas revoluções ocorreram, a da Comunicação, cujo emblema é a internet e a Revolução Espacial, cuja emblema é a pegada humana fora do planeta Terra. Agora, conhecemos a Revolução da Nanotecnologia[12], emblematicamente refletida na nova indústria em geral e na farmacêutica em particular com a imagem de um robô, autorreplicante, formado por uma única molecular[13].

Diante da Nanoética cabe indagar, se os eventuais riscos e as questões éticas decorrentes do novo conhecimento devem impedir ou obstar as Revoluções Científicas? De qualquer modo, a ética significa a opção de valor e, por isso, tem uma condição sine qua non, liberdade para fazer a opção, sempre com a devida responsabilidade.

 

Referências

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BARROSO, Luís Roberto. “Liberdade de Expressão versus Direitos da Personalidade. Colisão de Direitos Fundamentais e Critérios de Ponderação”. In: Temas de Direito Constitucional. Tomo III. Rio de Janeiro:  Renovar, 2005.

BENTHAM, Jeremy; STUART MILL, John.  Uma introdução aos princípios da moral e da legislação - Sistema de lógica dedutiva e indutiva. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural,1979.

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DA COSTA, Fernando Braga. Moisés e Nilce: retratos biográficos de dois garis: Um estudo de psicologia social a partir de observação participante e entrevistas. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-09012009-154159/publico/costafernando_do.pdf Acesso em 20.8.2023.

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[1] Existencialismo é uma doutrina filosófica centrada na análise da existência e do modo como seres humanos têm existência no mundo. Visa encontrar o sentido da vida através da liberdade incondicional, escolha e responsabilidade pessoal. A liberdade de escolha é vista pelos existencialistas como sendo um fenômeno gerador, pois ninguém além do próprio indivíduo é responsável pelo fracasso ou sucesso. Os filósofos existencialistas entendem também a vida e a existência como importantes para o acúmulo gradual de conhecimento.

[2] A eticidade não se situa ao nível das opiniões subjetivas e caprichos pessoais, mais ao nível das instituições e das leis existentes em si para si. O conteúdo do ético é, portanto, necessário e está acima das opiniões contingentes. Por isso, o indivíduo é agora considerado como "membro".  A Filosofia do Direito de Hegel, apreendida enquanto espírito objetivo, incumbe-se de apresentar as condições  objetivas para a efetivação da essência do espírito, que é, segundo Hegel, determinarse como liberdade. O lugar designado para a determinação do espírito em liberdade, tanto social quanto institucional é a Sociedade Civil. Todavia, somente no Estado – apreendido enquanto comunidade ético-política – é que a tarefa de determinação plena da liberdade humana se coloca de fato.

[3] Na hipótese de colisão entre direitos fundamentais consagrados na Constituição, deve ser utilizada a técnica da ponderação entre os valores protegidos pelas normas definidoras dos direitos para encontrar o que deva prevalecer no caso concreto, haja vista que a liberdade de comunicação, a imagem e a intimidade das pessoas não apresentam caráter absoluto e não guardam entre si relação de hierarquia.

[4] Nesse sentido, é curial recordar sobre a função social aplicada à diversos institutos do direito, a propriedade, a empresa, a responsabilidade civil e da preservação do meio ambiente.

[5] Utilitarismo é uma teoria filosófica que busca entender os fundamentos da ética e da moral a partir das consequências das ações. Neste caso, o utilitarismo consiste na ideia de que uma ação só pode ser considerada moralmente correta se as suas consequências promoverem o bem-estar coletivo. Como características, podemos citar: As ações têm como fim, isto é, propósito o prazer e a vivência das coisas, a fim de que estas sejam primeiramente úteis para as pessoas.

[6] A Conferência Nacional de Comunicação, realizada em dezembro de 2009 em Brasília, discutiu, entre outros tópicos, a importância do controle social na regulamentação dos meios de comunicação e na fiscalização da mídia. Após três dias de debate, cerca de 1,6 mil delegados representando empresas, movimentos sociais e o poder público aprovaram um relatório final com mais de 500 propostas, que serão encaminhadas para apreciação do Congresso Nacional. Entre as propostas aprovadas está a que prevê o controle social da mídia, com a participação popular em diversos processos, como no financiamento e na produção nacional.

Já do ponto de vista do direito constitucional, censura é todo procedimento o qual visa impedir a livre circulação de ideias contrárias aos interesses dos detentores do Poder Político, isto é, qualquer cerceamento de informação ou mensagem, em prol de interesses particulares. Sendo assim, tal prática está inteiramente ligada aos direitos fundamentais de liberdade de expressão e de imprensa, visto que a censura funciona justamente como uma limitação desses direitos.

[7] Existem diversos fatores que contribuem para que a invisibilidade social ocorra: histórico, cultural, social, religioso, econômico, estético etc. É o que acontece, por exemplo, quando um mendigo é ignorado de tal forma que passa a ser apenas mais um objeto na paisagem urbana. O termo “invisível social” é pouco conhecido de modo teórico, porém pode-se dizer que toda a população sofre de modo ativo ou passivo neste processo. A invisibilidade social está relacionada com a sociedade atual, onde seres são separados por classe, renda e meio em que vivem.

[8] O anel de Giges é uma história contada por Platão na República para discutir se o homem agiria corretamente caso tivesse o poder de fazer maldade sem ser percebido. Num diálogo do livro, Glauco discorda de Sócrates e insiste que justiça e virtude não são de fato desejáveis em si mesmas. O anel de Giges é um mito grego abordado no livro “A República” de Platão, por Sócrates em um dos seus debates. Giges era um humilde pastor que encontrou um anel capaz de torná-lo invisível. Ele se apossa do anel e usa em proveito próprio. Com o tempo Giges ganha fama e influência e de pastor ele vira o rei da cidade!

[9] Nas palavras do historiador Eric Hobsbawm, esta nova cultura juvenil apresentava uma tripla novidade.

Em primeiro lugar, a juventude já não era vista como um estágio preparatório para a vida adulta, mas, em certo sentido, como o estágio final do pleno desenvolvimento humano.  Em segundo lugar, a nova cultura jovem tornava-se dominante nas economias de mercado desenvolvidas, quer pelo seu poder de compra, quer pela capacidade de lidar com as rápidas mudanças tecnológicas e culturais.  Em terceiro lugar, assumia-se claramente como internacionalista, difundindo, à escala mundial, estilos de vida e de consumo onde, simultaneamente, era notória a hegemonia cultural dos EUA e a recusa do chauvinismo cultural.

 

 

[10] O Presidente Truman (EUA) soube do lançamento da bomba sobre Hiroshima quando retornava da conferência de Potsdam aos Estados Unidos a bordo do cruzador americano USS Augusta. Pelo som interno do navio de guerra ele falou para a tripulação que "esse é o maior evento da história" e depois anunciou ao mundo: "Pouco tempo atrás, um avião americano lançou uma bomba em Hiroshima e destruiu sua utilidade para o inimigo. Os japoneses começaram a guerra pelo ar em Pearl Harbor. Receberam o troco muitas vezes. E ainda não acabou. Com esta bomba adicionamos um novo e revolucionário incremento em destruição".

[11] A estrutura tridimensional da molécula de DNA - a dupla hélice - foi descoberta em 1953, por Francis Crick, James Watson e Maurice Wilkins, quando trabalhavam em Cambridge, no Reino Unido. Eles construíram modelos de cartolina e arame para entender e descrever o DNA, e o resultado foi publicado em duas páginas da revista Nature, em 25 de abril de 1953, há pouco mais de 50 (cinquenta) anos. O texto de 900 palavras era acompanhado de um esboço simples da famosa dupla hélice e atraiu pouca atenção da comunidade científica. O estudo só ganhou destaque em 1957, quando cientistas demonstraram que o DNA se auto-replica, como os dois autores haviam previsto. O prêmio Nobel lhes foi outorgado em 1962. Sem dúvida, como em outras descobertas, tributo deve ser feito a alguns predecessores como Gregor Mendel, cujas pesquisas sobre hereditariedade ficaram esquecidas por mais de 30 anos, até serem redescobertas em 1900, assim como Charles Darwin e sua teoria da evolução de 1958. A descoberta de Crick (falecido em julho de 2004), Watson e Wilkins abriu uma nova era para a ciência e, desde então, vem causando uma verdadeira revolução na investigação científica ligada às ciências da vida. Ainda estamos longe de antever suas consequências na totalidade, mas sem dúvida foi um marco na história da Medicina do século passado.

[12] Nanotecnologia é o entendimento e controle da matéria em nanoescala, em escala atômica e molecular (1,0 x 10 - 9m, e isso equivale a 1 bilionésimo do metro). Ela atua no desenvolvimento de materiais e componentes para diversas áreas de pesquisa como medicina, eletrônica, ciências, ciência da computação e engenharia dos materiais. Um dos princípios básicos da nanotecnologia é a construção de estruturas e novos materiais a partir dos átomos. O objetivo é elaborar estruturas estáveis e melhores do que se estivessem em sua forma "normal". Isso porque os elementos se comportam de maneira diferente em nanoescala. Nanopartículas também podem ser usadas para catalisar reações químicas, reduzindo a quantidade de catalisadores usada para produzir as reações químicas necessárias na indústria. Isso economiza dinheiro e ainda reduz a quantidade de poluentes lançada na atmosfera. Isso já é usado na indústria petrolífera, no refinamento do petróleo; e na indústria automotiva, nos catalisadores automotivos.

[13] A palavra "Nanotecnologia" foi utilizada pela primeira vez pelo professor Norio Taniguchi em 1974 para descrever as tecnologias que permitam a construção de materiais a uma escala de 1 nanômetro. Para se perceber o que isto significa, considere uma praia de 1 000 km de extensão e um grão de areia de 1 mm, este grão está para esta praia como um nanômetro está para o metro. Em alguns casos, elementos da escala periódica da química mudam seu estado, ficando até explosivos em escala nanométrica. A nanotecnologia é a capacidade potencial de criar coisas a partir do menor elemento, usando as técnicas e ferramentas que estão a ser desenvolvidas nos dias de hoje para colocar cada átomo e cada molécula no lugar desejado. Se conseguirmos este sistema de engenharia molecular, o resultado será uma nova revolução industrial. Além disso, teria também importantes consequências econômicas, sociais, ambientais e militares.

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