Número do Registro de Direito Autoral:131151909701009600
NA TRADIÇÃO DO CORDEL
Silva Filho
O Cordel pede passagem
Pede mais moderação
Pede versos em jargão
Consoante sua imagem;
Pede simples abordagem
Desprovida de afronta
E que nunca desaponta
Quem gosta do que é bom
Na tradição do seu tom
Que o tempo não desmonta.
O cordel é instrumento
Que relata os costumes
Sem valer-se de tapumes
Sem qualquer enleamento;
Sem causar constrangimento
Ao leitor qualificado
Que se vendo enganado
Dá as costas ao cordel
Sem fazer um escarcéu
E sem deixar algum recado.
O cordel fala da vida
De sexo, gozos, encantos
Desejos, paixões e prantos
E dos problemas da lida;
Mas não pode dar guarida
A um triste despautério
Que vem como impropério
Na linguagem agressiva
Com a verve depressiva
E um verso deletério.
Então - viva o Cordel!
Na tradição do sertão
Na mais simples expressão
Pra cumprir o seu papel;
Um cordel nunca revel
Um cordel cheio de graça
Sem desfeita ou pirraça
Com perfil universal
Sem a linguagem brutal
Que definha e embaça.