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Contos-->A FÁBULA DO MAIOR NINGUÉM -- 01/07/2003 - 19:01 (LUIZ ALBERTO MACHADO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
João, uma tipóia, nenhum amanhã, nenhuma estrela no céu. Ao redor, um balaio vazio, um fogo cruzado, nenhum terém e muito ronco. Dorminhocos: um ladrão, um padre e um bêbado.
João berra faminto, criança desmamada. A mãe abastada, é tida por juízo mole das beldades alienadas, num hospício por paixão proibida. O pai, um malandro desafortunado aproveitando-se com mãos e membros na botija ocasional, foragido de credores e pais encolerizados. E João berrando madrugada adentro.
De mão em mão, berro em berro, João foi crescendo no escanteio familiar entre imundícies, superstições e malquerenças. Taludo, foi saindo de garoto prá rapaz. Quase adulto, consicência pesa nos de longe, levando sua incerteza pro seio dos parentes maternais.
Chegou como visita de mais de três dias. Mesmo assim, teve educação esmerada e imposições religiosas como se fosse um da casa. Sempre, claro, como se fosse. Não era.
Tomando pé da situação, tornou-se rebelde truculento e de maus bofes, repudiando tudo e todos. Disso, conseguiu promessas alvissareiras: negócios e negócios escusos.
Apoderou-se sob o tino da astúcia e, do dia prá noite, muita largura. Quem era ninguém, agora o rei da cocada preta. Passou a mandar, fazer e pintar o sete. Platéia, lei e polícia sob seu manto de impunidade: matava e sorria, urrava e mentia. Tornou-se maioral com assento em cargos oficiais. Maior parafernália da claque. Meio mundo de conivência nos tentáculos. Nenhum empecilho. Persona grata para apadrinhamentos os mais solícitos. Exemplo de dignidade e retidão. Até na escola seu nome era pronunciado como referencial para as futuras gerações. E isso a sua satisfação e seu destemor.
Como um dia a casa cai, morre em pleno vigor de seu poderio com a glória dos vilões. E, ainda hoje, é enaltecido no principal refrão do coro dos lambecus.

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.
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