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cronicas-->Do Outro Lado da Margem -- 22/01/2003 - 13:01 ( Alberto Amoêdo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A história do meu primeiro sapato confunde-se com a história da minha primeira namorada.
Eu morava lá no Norte, no interior do Pará. Numa localidade chamada de São Miguel dos Macacos, bem em cima das empresas EBRAM, uma dessas firmas que os fiscais da receita chamam de "laranja", que apenas passa o tempo e fecha e da Norte-Americana BRAUM, que cortava as nossas madeiras nobres, para exportações.
Apesar da maioria dos meus 09 irmãos trabalharem nessas empresas, o meu pai trabalhava na pesca e eu ajudava minha mãe na roça. Cortava o mato, tirava a macaxeira da terra bruta, plantava milho, carregava feixes de alfafa e cavava para colocar novas mudas.
Naquela época o sol era mais camarada, não havia poluição. E acredito que poucos sabia do que era o ouro, que tinha na "Serra Pelada".
Mas o fato é que apesar de atender o que dizia minha mãe, quando vinha de lá me sentia extremamente cansado. Os meus pés doiam e cresciam disformes, as minhas mãos em carne viva, iam engrossando de calos e o meu jovem rosto, queimando, ia enrugando.
Nossa casa era uma pequena palafita de palha, com paredes de vime, que ficava no cruzamento do rio Macaco, com o igarapé dos cipós, onde descansava quieto um imenso taperebazeiro, o qual, em inúmeras tardes pulavamos no imenso rio ou no igarapé.Eu, mais Zezinho e Mariazinha.
Maria Domingas, a minha musa. Gostava tanto dela, mas tinha que enfrentar sempre aquela ladainha. Zezinho, dividia o afeto e por sinal era o filho único do maior fazendeiro da região. Quem iria encarar?!...
Contudo, foi nesse período, que o Sr. Márcio , o pai de Zezinho, na ocasião das festas de São João e fez o casamente na roça, de mim mais Mariazinha. Eu já com os meus quinze aninhos. Na ocasião da festa estava euforico. O meu coração não parava de balbuciar sonhos, que todo adolescente tem. Só que havia um empecilho, e não era o Zezinho, que futuramente iria estudar na capital, mas sim os meus pés pra ir aquela noite na festa. Eu não tinha sapatos.
foi aí que José o meu irmão do meio, sapateiro da BRAUM, sem me dizer nada, solucionou-me o problema, me presenteando com um sapato, que até então, eu nunca havia visto na vida.
Com os restos de sola e pedaços de paus de alguém que encomendou, ele me ofertou, os meus primeiros sapatos.
Fiiquei tão feliz, que nem se quer, observei os pregos montados de atravessado, o vermelho da cor, da tinta ainda fresca e o peso que fazia, quando eu caminhava.
Quando fomos anunciados, entrei e dancei a noite toda com Maria, que sem querer o destino nos fez ontem completar mais de cinquenta anos de vivência.
É tanta querência, quanto lembrança daquela minha primeira vez que usei um sapato.
Hoje nos tempos modernos, fico olhando a facilidade que é...
Tanto que se tem, mas não se dá valor, tanto nos bens, quanto no amor.
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