[“Dona Núria irá chegar.;
Eu estarei aqui em cima.
Ela é a rainha do lar,
Senhora até desta rima.”]
Já nosso irmão aqueceu
Os reatores do jato:
Aquilo foi mérito seu.
Os cacos do meu eu cato.
Venho aqui para treinar,
Sem fazer qualquer esforço:
Se uma rima não vai dar,
Pode contar: essa eu torço.
Se estou sempre bem alerta,
Vou sair daqui contente.
Comigo o médium se esperta:
O trabalho está excelente.
Mas, se estivesse sozinho,
A fazer todos os versos,
Sentiria cada espinho
A me lembrar dos perversos.
Eis um exemplo mui vivo
Do que disse logo acima:
Eu quis ser bem criativo,
Terminei co a mesma rima
Vou pedir p’ro meu irmão
Que me ajude, por favor:
Vou precisar “duma mão”,
Para frutas não compor.
Se ficou muito esquisita
A brincadeira do verso,
É que tenho a alma aflita:
Quero um termo.; faço o inverso.
São bem simples estes temas,
Fáceis de desenvolver,
Mas vão bem longe os poemas:
Resta só um bem-querer.
Repito todas as rimas
Que aparecem por aqui.;
Me acostumo a estes climas:
É hábito que adquiri.
Não estão de todo maus
Os versinhos que já fiz:
Não trancei todos os paus
E já me sinto feliz.
Admira-se o escrevente
Co a grande facilidade:
Todos querem que eu invente,
Mas ajudar-me, “quem há-de?!”
Pois foi nosso bom Luís
Guimarães Júnior quem deu
Essa rima com que fiz
Quarteto mais seu que meu.
Mas não vou dormir nos louros:
Não é grande esta vaidade,
Nem mesmo se fossem d’ouros
As rimas da caridade.
Pois, para mim, basta um pouco
De esperteza no rimar:
O verso é bastante louco?
Pego o barco.; saio ao mar.
Já fiz diversas quadrinhas,
São quatro acima de dez,
Mas, se eu disser que são minhas,
Vou tremer até os pés.
O médium vai decompondo
As vibrações que lhe passo.;
Em seguida, vai dispondo
Estes versos, passo a passo.
Há certas rimas que são
Sugestionadas por mim,
Mas, conforme a vibração,
O resultado é ruim.
Outras vezes, o escrevente
Fica um pouco desatento.;
Aí precisa que a gente
Passe a um padrão mais lento.
Porém, a nossa alegria
É saber que, no final,
Ao terminar a poesia,
Está o tema tal qual.
É que o nosso bom amigo
Não deteriora este assunto:
Se não escreve o que eu digo,
Quase sempre acaba junto.
Esta análise que eu faço
Não visa a ser surpreendente.
Toda grandeza rechaço:
Faço algo que oriente.
Não é verdade que, agora,
Este treino é p ra você
Simples como ver a hora,
Rotineiro e sem mercê?!
Mas, se prestar atenção
Nestas linhas e entrelinhas,
Verá que o meu coração
Demarcou estas quadrinhas.
Foram bem simples os versos,
As rimas pobres e fáceis,
Mas os textos vão imersos
Nos sentimentos mais gráceis.
Mas se eu não digo, talvez
Ninguém perceba tal tema:
O interesse do freguês
Fundamenta o nosso lema.
Neste caso, o bom amigo
Que apanha estas nossas quadras
Está fora de perigo:
É almirante de esquadras.
Faz já uma boa hora
Que versejo intermitente.
Retiro-me, sem demora,
Dando adeus ao escrevente.
Pede-me para ficar,
Pois é preciso lembrar
Que temos de agradecer.;
Pois, se o Pai é tão bondoso,
Vamos nós dar-lhe este gozo,
Cumprindo o nosso dever.
Em mui suave oração,
Vamos dar ao coração
Condições para vibrar,
Dizendo ao Senhor dos Céus
Para que rompa estes véus,
Para nos abençoar.
É chegada a nossa vez
De dizer, ao escrevente,
Que tudo o que ele fez
Tá no coração da gente.
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