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Artigos-->DESPEDIDA DA ABC -- 30/09/2023 - 11:32 (LUIZ CARLOS LESSA VINHOLES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

 



 



DESPEDIDA DA ABC



 



L. C Vinholes



 



                                                                                                     Nota: Este texto foi publicado em 01/01/2005 e embora passados dezoito anos,



                                                                                                      as informações ainda válidas dele constantes justificam a divulgação que ora ofereço aos meus leitores.



Quando, em caráter definitivo, deixei a Agência Brasileira de Cooperação (ABC) já era aposentado do quadro permanente do Ministério das Relações Exteriores ao qual pertenci como Oficial de Chancelaria. Na ocasião, entreguei ao diretor-geral o texto que transcrevo abaixo, no qual recordo parte das minhas atividades naquela instituição e observações sobre seu desempenho e sua importância nas relações internacionais do Brasil.



Este texto, além tratar de assuntos específicos, visa também deixar registrado o trabalho que, assim como eu, realizam inúmeros funcionários do Itamaraty que, embora não sendo diplomatas, têm objetivos, desempenham funções e se empenham em tarefas em nada menores do que as por aqueles realizadas. Um bom número dos que por ali passam esquece que o que ali é feito é trabalho de equipe, corpo homogêneo de hierarquia disciplinada e não de estrelas, sejam elas de que grandeza forem.



Durante os anos que trabalhei na ABC, depois de um período inicial de adaptação ao ambiente do Itamaraty, bem diferente daqueles que experimentei em vinte e oito anos servindo em Tokyo, Assunção e Ottawa, foram-me dadas as seguintes responsabilidades: Responsável pelo Programa de Cooperação Técnica Brasil-Japão (abril 1990 a março 1992), Responsável pelo Programa de Cooperação Técnica Brasil-Canadá (março 1992 a agosto 1992), ambos da Coordenação de Cooperação Técnica Recebida Bilateral (CTRB); Gerente do Gabinete do Diretor-Executivo (agosto 1992 a março 1993); Coordenador de Planejamento (março 1993 a agosto 1993); Coordenador de Projetos Especiais (setembro 1993 a março 1994); Coordenador-Geral, substituto (março 1994 a novembro 1995); Assessor do Diretor-Geral (novembro 1995 a abril 1996); Coordenador da Assessoria de Administração, Orçamento e Finanças (dezembro 1999 a maio 2001); Coordenador dos cursos promovidos pela Cooperação Técnica entre Países em Desenvolvimento (CTPD) nos países da América Latina, África e Timor Leste[i]; e, finalmente, Responsável pela Cooperação com a China (julho 2001 a março 2005). Tudo mediante portarias publicadas no Diário Oficial ou atendendo a expedientes internos da pasta. No período de maio de 1996 a novembro de 1999, em nova estada no exterior, deixei temporariamente a ABC e fui lotado no Consulado-Geral do Brasil em Milão, graças ao novo convite e à missão que me foi dada pelo embaixador Guilherme Leite Ribeiro, chefe do posto, para implementar o projeto da criação do Instituto Brasil-Itália (IBRIT)[ii] naquela capital[iii].



Minha experiência no exterior, incluindo o tempo em que fui bolsista do Ministério da Educação do Japão e funcionário da Comissão de Compras da Usiminas, foi extremamente útil às ocasiões em que tratei com representantes de missões acreditadas em Brasília ou delegações de outros países em negociações bilaterais de acordos ou projetos específicos. Cada uma das viagens ao exterior, a serviço, individualmente ou em grupo, serviram como períodos que facultavam aprimoramento.



Eis o texto referido no primeiro parágrafo:



Neste dia[iv], em que, em caráter definitivo, deixo a ABC e, consequentemente, o Itamaraty, sou levado a lembrar de dois momentos que computo marcantes na história dessa instituição, no que diz respeito às suas atividades em cooperação técnica. O primeiro, em 1992, quando a Coordenação de Cooperação Bilateral Recebida (CTRB) experimentava uma das fases mais gratificantes com o deslanchar de quatro grandes projetos[v] em São Paulo (Senai)[vi], Campinas (Unicamp), Belém (Embrapa-Cepatu)[vii] e Recife (UFPE), no valor unitário de recursos da ordem de seis milhões de dólares. Convidado[viii] pelo embaixador e amigo Guilherme Leite Ribeiro, retornei do exterior em outubro 1989, fui lotado no Departamento de Cooperação Científica, Técnica e Tecnológica (DCT) e cedido à ABC, na época vinculada a Funag[ix], tendo a incumbência de aplicar-me às tarefas da cooperação recebida do Japão. Cumprindo esta determinação, dediquei-me ao estudo e às demoradas negociações que culminaram com as assinaturas dos documentos que deram início aos projetos Automação da Manufatura, Gastroenterologia, Desenvolvimento Agro-Industrial e Imunopatologia. O segundo momento, em outra extremidade do tempo, são estes últimos anos, quando estive vinculado à Coordenação de Cooperação entre Países em Desenvolvimento (CTPD) e me foi dada a oportunidade de vê-la crescer significativamente, afirmar-se como setor de alta produtividade e promover ações que, no exterior, refletem o grau de desenvolvimento e capacidade das instituições brasileiras, criando prestígio para o país ser respeitado e colaborando no aperfeiçoamento e incremento das suas relações bilaterais. A cooperação prestada pelo Brasil aspira, ainda, novos horizontes além daqueles restritos a América Latina e à África de língua portuguesa. Haja vista os esforços institucionais e as demoradas negociações com a China, prometendo dividendos compensadores.



Durante estes quase 14 anos na ABC, tive o privilégio de conviver com profissionais dedicados, vindos das mais diversas instituições, inclusive do quadro do Itamaraty, formando um corpo técnico coeso que, a cada dia, aperfeiçoou a metodologia de trabalho e alcançou, de maneira pragmática, resultados apreciados pelas instituições que, pouco a pouco, foram também chamadas a participar não só das atividades da cooperação recebida, mas, também, da prestada pelo Brasil.



A ABC e, por conseguinte o Itamaraty, muito deve não só a estes profissionais aos quais me referi, mas, especialmente, à coordenadora Alice Pessoa de Abreu que, sempre, com profissionalismo e habilidade singular orientou os destinos de grande parte das atividades desenvolvidas tanto na CTRB quanto na CTPD. Ela serviu de apoio não só aos mais graduados dessa casa, mas, ainda, a todos os seus subordinados. Neste momento, é mister reconhecer o que dela aprendi e manifestar a satisfação de ter sido um dos seus colaboradores diretos.



Levados por interesses pessoais e/ou profissionais foram muitos os colegas de trabalho que, em ocasiões diversas, deixaram a ABC levando suas experiências para outras instituições ligadas à cooperação técnica internacional. Este êxodo, mais do que natural na vida das instituições e dos profissionais que a elas estão vinculados, certamente nunca em nada poderá ser comparado ao que está ocorrendo agora quando, de forma inédita, é desfeito o tecido urdido com tanta dedicação e afinco e deixado um vazio que, certamente, levará a cooperação técnica internacional brasileira a, novamente, experimentar momentos idênticos àqueles que, no passado, justificaram pensar na sua criação. Que a experiência tida até agora, registrada em documentação específica, possa ser útil àqueles que permanecerem e que buscarem recriar o que a ABC mostrou possível na sua história de tênue vinculação ao Itamaraty.



Seria injusto terminar este registro sem expressar meus agradecimentos não apenas aos companheiros de trabalho, mas, especialmente aos embaixadores Sérgio Arruda e Elim Dutra que, no passado, estiveram à frente desta exemplar instituição. Finalizo com um agradecimento muito especial a quem abriu a porta da ABC para quem sempre gostou de trabalho sério e com objetivos substantivos.



 







[i] Cursos relativos a metodologia de formatação, análise e acompanhamento de projetos de cooperação técnica,





[ii] Inaugurado em dezembro de 1997.





[iii] Assunto tratado no artigo INSTITUTO BRASIL-ITÁLIA (IBRIT) - Cinco anos de trabalho e perseverança.





[iv] Datado de 1º de janeiro de 2005.





[v] Todos ao amparo do Acordo de Cooperação Técnica Bilateral Brasil-Japão.





[vi] Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.





[vii] Empresa Brasileia de Pesquisa Agropecuária – Centro de Pesquisas Agropecuárias do Trópico Úmido.





[viii] De passagem por Brasília em abril de 1989, encontrei nos corredores do Itamaraty ao amigo embaixador Guilherme Leite Ribeiro de quem recebi o convite para com ele trabalhar na ABC.





[ix] Fundação Alexandre Gusmão, vinculada ao Ministério das Relações Exteriores.




Comentarios

Maria do Carmo Maciel Di Primio  - 05/10/2023

Prezado Professor Vinholes,
maravilha de trajetória profissional.
Saudações de admiração ao seu trabalho!!

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