Chegamos em Olivença as dezessete horas. O sol estava amarelo triste esmaecido, o mar azul escuro chuvoso e a areia vermelho rubro escaldado. Um dia especialmente nublado. Um escrete de banhistas "nativos" desenvolvia um árduo e melancólico jogo de futebol e nos dispusemos entre observadores e participantes no evento. Logo vimos a falta de graça em que se dava a disputa. Eu, Patrizze Mello, Ronald Clawer, Sandra Buloque, George Sants - não me lembro de todos os nomes mas haviam outras pessoas- sentamos nos banquinhos de madeira da orla. Já vínhamos desde os últimos três quilómetros da caminhada formando um grupelho meio à parte do resto da trupe. As nossas tiradas, gafes, conversas tornavam-se outras. A entrada dos "participantes" no jogo veio diminuir incomensuravelmente a tristeza do final de tarde, unir novamente os turistas viajantes e motivar o escrete dos "nativos".
O futebol de nossos amigos "participantes" não era grande coisa e o dos jogadores "nativos" era muitíssimo diferenciado. Estes chutavam a bola com uma força e um desequilíbrio sem igual. Como se chutassem cocos. Do nosso lado chutavam cocos como se chutassem plumas. Dentro do campo os jogadores "participantes" riam do modo como os "nativos" jogavam e estes riam dos primeiros. Da orla ríamos do modo como se desenvolvia a peleja, mesmo os que conseguiam compreender as regras achavam engraçado. Ninguém marcava pontos tal a zombaria que se transformava o jogo. Nosso grupo que já vinha dividido pelo caminho, portanto com problemas, contagiou os "nativos" se livrando da tristeza que trazia e o que estava sendo árduo para os "nativos" se irrompeu em risos.
A interação entre esses dois grupos foi muito importante à reposição dos humores em nossa equipe que afinal teria outros seis quilómetros de caminhada na volta ao hotel onde se hospedara. A areia estava muito quente, muitos já não se aguentavam de bêbados devido as caipirinhas e cervejas sorvidas nos intervalos do jogo. Então foi muito bom estar com as energias carregadas para o caminho de volta. Embora desde sempre este pareça mais curto é de longe o mais distante. E para longos percursos bom mesmo é seguir com amigos em gracejos eternos e com os estranhos e estrangeiros deixar uma larga simpatia. Pois se for preciso voltar as portas e sorrisos estarão abertos.