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Cronicas-->Torre nova -- 28/07/2000 - 07:38 (Renato Rossi) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
No topo do edifício ao lado está nascendo uma torre. Já tem várias semanas que noto. Há dias em que vejo que cresceu um pouco. Neste final de semana por exemplo, ganhou pintura, uma parte branca e uma parte vermelha. Vejo isto porque estou no vigésimo andar e a nova torre, cresce quase que na minha frente. Considerando que trata-se do prédio da Telebrasília, não haveria porque estranhar a presença de uma torre. Mesmo que não fosse, há torres em todos os prédios.

O curioso é que nunca vi um único operário a construí-la, nenhuma grua a levantá-la. Ela vai brotando lentamente, crescendo como um pé de feijão em direção ao céu. Nem sequer alguém a regá-la. Fico imaginando como foi parar ali a tal torre. Talvez alguma variedade alemã de torres transgênicas cuja semente tenha sido deixada por engano e só agora, com a seca, resolveu brotar. Talvez alguma muda que tenha voado das antenas da Americel ao lado. Acho que não, são muito diferentes.

É curioso, pois o topo daquele prédio é dos mais elegantes. Tem apenas quatro pára-raios e algumas antenas bem pequenas, muito discretas. Tinha tudo para permanecer limpo, diferenciando-se dos demais. Olhando de baixo do prédio, no nível da rua, dificilmente se enxerga a nova torre. Fico imaginando se a própria Telebrasília sabe de sua existência. Claro que, como eu, muitos vizinhos neste e em outros prédios devem ter notado a novidade. Mas quem liga? Quem vai ligar para a Telebrasília e avisar que está crescendo uma torre no topo do edifício?

- Aló
- Aló, pois não senhor
- Sim, eu quero avisar que está crescendo uma torre no topo do seu edifício
- Perdão senhor, não é neste número.

Visto assim do alto, como no samba, nota-se que o topo dos edifícios é muito mais habitado do que se imagina. É um imenso paliteiro, com pára-raios, torres e antenas de formatos diversos. Pouca gente é verdade, mas uma movimentação muito intensa de sinais eletromagnéticos. Os pára-raios tem a nobre missão de domar as tempestades, aplacar a ira de São Pedro, canalizando seus raios para a terra. Imagino que dialoguem com São Pedro diminuindo sua ira, explicando que nada se consegue com violência, que estes raios todos não tem sentido. As torres são como caules que sustentam as antenas, verdadeiras flores dos telhados. As antenas têm formatos variados e as mais exóticas são verdadeiras obras de arte. Estão ali à disposição para um grande negócio ou um fuxico qualquer.

O vai e vem de sinais entre as antenas é de um frenesi inimaginável. Dados de computadores, novelas de televisão, fofocas telefónicas, sinais de ocupado, ligações com satélites. Tem de tudo nestas antenas dos prédios mais altos. Pena que não é possível enxergar a confusão.

Ao que parece, a torre ainda não está pronta, de modo que continuarei a observar. Hoje vou ficar após o anoitecer na esperança de obter novas informações que elucidem o enigma.

Caso apareça alguma nave com peças ou equipamentos, eu aviso.


Estrito em 15.05.2000
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