Estamos em plena campanha eleitoral, iniciada a muitos meses. Não? O cidadão menos avisado poderia me contestar: Mas nem sabemos os nomes dos candidatos e você me diz que estamos em plena campanha? Ledo engano.
Somente o Governo ainda não lançou oficialmente o seu candidato. Entenda-se por Governo PSDB, PFL e PMDB, capitaneados pelos maiores mestres em política na atualidade: Marcos Maciel, José Sarney e Jorge Bonhausen. Algum tempo atrás eu relacionaria António Carlos Magalhães, mas Bornausen é mais. Percebam a discrição destes senhores na condução de seus partidos. Suas imagens imaculadas, fora de escàndalos e dentro do Governo. O nome do candidato pouco importa. José Serra se lançou. Temos ainda Roseana Sarney e Tarso Jereissati. Dentre estes, certamente, não deve fugir a cabeça de chapa. O PMDB apoiara o candidato governista, sendo muito difícil colocar um nome nesta composição. Quando Itamar Franco mencionou a intenção de lançar-se, a cúpula tratou de cortar as assas do mineiro. Seria perigoso Itamar contra Lula, e o pior, iria dividir a Base. Melhor não. Como o Governador Mineiro insistisse, aparecem mais dois postulantes: Pedro Simon (outro professor) e Raul Jungman. Quem? O Ministro da Reforma Agrária. Ah! Sim. A estratégia é dividir o PMDB para unir a Base.
De qualquer forma o candidato governista vai encontrar uma oposição em frangalhos. Quando escrevo que a oposição esta em cacos, mesmo com seu principal candidato no topo das pesquisas, valho-me das evidências. O PT não consegue emplacar lideranças fortes em nível nacional, além de Lula, sempre ele. Vejo no próprio partido uma divisão, síndrome das três derrotas anteriores, onde vozes influentes convergem para a necessidade de mudança. Para o Governo, atacar Lula é simples, e começou. Os grandes órgãos de comunicação nacional já iniciaram sua atuação. A revista Veja em sua edição número 1.733 (aquela com a Cássia Eller na capa), através de seu Presidente, fez um rasgado elogio aos avanços do Brasil, sob o sugestivo titulo: O Brasil agora tem rumo. É preciso mantê-lo. A Rede Globo iniciou uma série de reportagens sobre Cuba e Venezuela, mostrando com maior ênfase o lado negativo, é claro. Justamente os dois países que recentemente Lula visitou, e o qual elogia constantemente seus lideres. Coincidências? Além do mais, a greve dos professores, que "derrubou" Paulo Renato, pegou muito mal na sociedade, afinal greve e PT ainda estão muito ligados. Começou surgir a anti-campanha. A maioria dos brasileiros tem aversão aos funcionários públicos, inda mais em greve. Nas entrelinhas desta greve surgiram além do culpado natural, os sindicatos e seus petistas.
Outro ponto perdido pelo PT é o mau uso da mídia. O Governo coloca seus candidatos em pleno horário nobre, no intervalo de O Clone, quando Jade e Lucas lutam por seu amor. Vejo aqui em Recife. Mesmo fazendo uma administração boa, João Paulo é tido como tímido, pois não expõe seus feitos. Já o Governador Jarbas Vasconcelos, da Base, não para de anunciar suas obras, sempre associadas ao Governo Federal. Existe no PT a idéia que para ser do contra tem que ser feio e antipático.
Aliás, feia esta a coisa para Ciro Gomes, Brizola e Garotinho. Este último vem mostrando alguma estratégia de marketing, extremamente prejudicada pelo Primeiro Comando e Comando Vermelho. O Piscinão de Ramos sumiu da novela. Nesta outra oposição ninguém se entende. Brizola já disse que articula, sem o PT. Ciro e Garotinho não abrem mão da cabeça. Acabarão saindo sozinhos e sem chances. Como dizem que não querem o PT, vai ser difícil explicar o apoio no segundo turno. Fica no ar uma possibilidade de que apoiem o Governo. Mas e a tal da oposição ferrenha ao que aí esta?
Com este quadro fica cada vez mais definida a eleição. Salvo alguma mudança drástica, coisa que não acredito, vai ser mais uma vitória da Base, que tem na manga para o segundo turno uma carta importante: a Prefeitura de São Paulo. Se o negócio, apertar vai pro ventilador a administração difícil de Marta Suplicy, e o abacaxi enorme que herdou das administrações anteriores; mostrando assim ao eleitor o jeito PT de governar. Desse jeito não importa o candidato. Até eu.
