Os ponteiros azuis,
pássaros que foram um dia,
voavam livres
e ansiavam pelo vento
que revolvia o trigal.
Relógios falidos,
engrenagens dentadas
agora são serrilhas
de asas cortadas.
As horas já não contam,
apenas claudicam
e apontam para um tempo
de garrote nas veias.
Cristaliza-se o escarlate
e as passagens ficam, abatidas,
imóveis num campo,
sem marcha e partida.
Não oscilar
como uma nota aflita,
negar paixão,
onde se enxerga vida.
A desistência cega
do melro entristecido,
o adeus ao tempo
de horas marcadas,
a dispensa de cucos e badalos
- o vôo esmorecido!
Sono profundo,
ruído avança, insistente,
e destroça os ouvidos:
- é o despertador...
a hora é de acordar!
Obs. Poema dedicado ao meu amigo Mauro de Oliveira em 30/12/2002.
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